IPCA desacelera e aumenta aposta de corte nos juros

O Estado de S. Paulo

 

Alguns analistas passaram ainda a considerar mais factível até mesmo a possibilidade de a inflação ficar abaixo do teto da meta, de 6,5%, este ano. As previsões do Boletim Focus, elaborado pelo BC, são de que o IPCA termine o ano em 7,59%.

 

O diretor do Departamento de Pesquisas Macroeconômicas do Bradesco, Octavio de Barros, usou sua conta no Twitter para dizer que “tornou­se imensa a chance de o Bacen (Banco Central) cumprir a meta (de inflação) em 2016 (abaixo do teto de 6,5%) e chegar ao centro de 4,5% em 2017”.

 

Procurado pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, Barros explicou que sua previsão anterior contemplava redução de 5% no preço da gasolina este ano, mas que agora esse corte pode ser maior. “Com os termos de troca melhorando e o dólar no mundo não se apreciando mais, a gasolina pode cair um pouco mais.” O Bradesco prevê que a Selic terminará este ano a 13,25%, do patamar atual de 14,25%.

 

Para Solange Srour Chachamovitz, economista­chefe da ARX Investimentos, o alívio nos preços deu força à previsão feita pelo BC de desinflação de dois pontos porcentuais no primeiro semestre. “A inflação corrente está desacelerando mais do que as expectativas”, disse.

 

Juros

 

Com a divulgação dos números do IPCA, os juros futuros fecharam em forte queda, passando a projetar uma chance de até 20% de corte da taxa básica de juros já na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), hipótese, no entanto, considerada ainda remota pelos analistas.

 

Para o estrategista­chefe do banco Mizuho, Luciano Rostagno, na verdade, qualquer corte na taxa de juros este ano poderia ser ruim. “Se o Banco Central cortar a Selic este ano, a inflação não volta para a banda de tolerância em 2017”, disse. Ele prevê inflação de 7,5% este ano.

 

O próprio IBGE lembra que o resultado do IPCA em fevereiro não deve ser exatamente motivo de comemoração, já que a taxa de inflação em 12 meses permanece acima dos 10% na maioria das regiões pesquisadas (fechou em 10,36%), segundo ressaltou Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE. “Aliviou a aceleração (na inflação). Não aliviou o custo de vida, que continua subindo”, disse. (O Estado de S. Paulo/Daniela Amorim, Álvaro Campos, Maria Regina Silva, Francisco Carlos de Assis, Ricardo Leopoldo e Renata Pedini)