Bateria de lítio pode custar caro

O Estado de S. Paulo/The New York Times

 

Pode haver uma bomba em sua casa ­ e você a pôs lá. Nos últimos anos, passamos a usar um monte de novos aparelhos a bateria, incluindo smartphones, laptops, tablets, cigarros eletrônicos, carros elétricos, drones, aspiradores manuais e brinquedos. Mas, enquanto festejamos a melhora que esses equipamentos trouxeram à nossa vida, não nos damos conta de que muitos podem explodir por causa do mau funcionamento das baterias.

 

No começo, era apenas um aparelho fora do padrão que pegava fogo, uma bateria que saiu com defeito. Mas hoje essas falhas parecem ocorrer a cada semana. Dê uma olhada nas últimas manchetes. Um homem estava na loja de um posto de gasolina em Owensboro, Kentucky, quando a bateria do cigarro eletrônico explodiu em seu bolso, causando queimaduras em sua coxa direita. Um skate elétrico, o brinquedo do momento (também chamado de hoverboard), explodiu e causou um incêndio enorme em uma casa em Illinois.

 

São centenas de notícias parecidas em meses recentes, com casas pegando fogo e cigarros eletrônicos explodindo no bolso (às vezes, no rosto) do fumante. Outro setor que tem se preocupado muito com as baterias de lítio são as empresas de aviação.

 

Um estudo de engenheiros químicos da University College London, também do no ano passado, descobriu que uma bateria defeituosa pode ir do funcionamento normal a uma explosão em milionésimos de segundo. Há muito tempo especialistas em baterias vêm alertando para o risco de explosões.

 

É o caso do professor de ciência de engenharia de materiais da Universidade Carnegie Mellon, Jay Whitacre. Ele aconselha os consumidores a evitarem material pirateado chinês porque suas baterias, feitas com componentes inferiores, podem explodir facilmente.

 

O problema de skates que explodem ficou sério a ponto de os aparelhos serem proibidos em universidades e no transporte público de Nova York.

 

A Comissão de Segurança de Produtos para o Consumidor divulgou alerta em janeiro advertindo que esses dispositivos de duas rodas “representam risco de incêndio além do razoável”.

 

O que, então, os consumidores podem fazer para se proteger? Primeiro, têm de forçar os fabricantes a corrigirem os defeitos de seus produtos, como fez a fabricante de carros Tesla em relação ao seu problema de baterias. Em 2013, após dois carros Tesla pegarem fogo, a empresa descobriu que as explosões resultaram de objetos pontiagudos ou pesados em contato com a bateria, que fica na parte de baixo do veículo. Em resposta, a Tesla reforçou a proteção da bateria com três placas de alumínio e titânio. Mais importante para o consumidor, porém, é não comprar produtos baratos. A maioria das explosões com skates ocorre com produtos piratas feitos na China.

 

Como sugere o website especializado em gadgets Wirecutter, vale a pena escolher um skate com certificado UL, a garantia de que o produto passou por rigorosos testes ­ as autoridades americanas, no entanto, dizem que nenhum skate elétrico é totalmente seguro contra o fogo. Pode­se também usar um tipo de bolsa antifogo para isolar o skate enquanto a bateria é recarregada.

 

A Associação Nacional de Bombeiros também recomenda que os usuários mantenham o veículo sob observação durante o processo de recarga. O mesmo se aplica a laptops e smartphones. Faça a recarga sempre seguindo as instruções e desligue o carregador quando ele não em está uso.

 

Com venda e importação proibidas no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), cigarros eletrônicos são outro aparelho que precisa de atenção. Nos EUA, quem os compra deve checar os mecanismos de segurança ­ ou podem acabar vendo­os explodir no próprio rosto. (O Estado de S. Paulo/The New York Times/Nick Bilton, com tradução de Roberto Muniz)