Chevrolet aguarda queda do dólar para importar o sedã Malibu

Folha de s. Paulo

 

Cruzar a porta de vidro da sede da GM e caminhar por 20 metros. Um ato trivial como esse torna­se um desafio quando a temperatura está alguns graus abaixo de zero, com o vento jogando neve nos óculos. Após passar por isso, entrar na cabine do Chevrolet Malibu é como achar um oásis no deserto de gelo.

 

O teste pelos arredores de Detroit não permite explorar as qualidades dinâmicas do carro, que está equipado com o novo motor 2.0 turbo (253 cv). As pistas, brancas e escorregadias, exigem concentração e velocidade baixa.

 

Resta apreciar o interior forrado de couro preto da versão LTZ. No meio do painel, a nova tela do multimídia MyLink segue a tendência de imitar tablets. O uso permanece simples, integrado a smartphones Apple ou que usam sistema Android.

 

O espaço não foge à regra dos sedãs grandes americanos: há lugar para cinco ocupantes em bancos fofos, com boa distância entre os assentos da frente e de trás.

 

O Chevrolet Malibu segue rodando sobre veios de asfalto que surgem debaixo da camada de neve. Vez por outra, o gelo grudado nas janelas e nas palhetas do limpador de para­brisas se desprende em placas. Os ruídos gerados nesse mundo inóspito não invadem a cabine.

 

Além da beleza interior, foi possível perceber outra característica: o novo sedã é completamente diferente daquele que chegou ao Brasil em 2009. O modelo atual é maior, mais leve e bem desenhado. Enfim, um produto melhor, em dia com Ford Fusion e Honda Accord. É por isso que a Chevrolet quer relançar o sedã no Brasil.

 

As primeiras unidades desembarcam em breve para homologação, o que possibilitará sua venda no país. Caso tudo ocorra dentro do esperado pela fabricante, as primeiras unidades chegarão às lojas entre o fim de 2016 e o início de 2017.

 

Dólar e impostos

 

A alta do dólar é o maior entrave à comercialização. O Malibu é feito nos EUA, enquanto seu grande rival, o Fusion, é beneficiado pela origem mexicana, que o isenta do imposto de importação.

 

Mas há pontos a favor. Como a tributação brasileira é definida pela cilindrada do motor, o 2.0 turbo paga menos IPI (imposto sobre Produtos Industrializados) do que a geração anterior (2.5). Além disso, há uma opção híbrida, que será isenta da taxa de importação.

 

Para confirmar a importação, a Chevrolet aguarda que o dólar se estabilize em um patamar mais baixo. Com a moeda cotada a R$ 4, o Malibu testado custa o equivalente a R$ 118 mil nos EUA. O preço beiraria os R$ 180 mil no mercado nacional, enquanto o Fusion 2.0 turbo é vendido por a partir de R$ 123,4 mil no Brasil. (Folha de s. Paulo/Eduardo Sodré)