A3 Sedan brasileiro é flex e tem características próprias

Auto Estrada

 

A Audi escolheu o A3 Sedan para marcar sua volta ao Brasil. O modelo, que vem sendo o mais vendido da marca no país praticamente desde seu lançamento, está sendo fabricado em São José dos Pinhais, no Paraná, na mesma linha de montagem que fará o novo VW Golf nacional, seu irmão de plataforma que chegará no início do ano que vem.

 

O novo Audi brasileiro chega com algumas diferenças em relação ao modelo importado. A principal delas é o novo motor 1.4 TFSI Flex, fabricado no Brasil na fábrica de motores da Volkswagen, em São Carlos, interior de São Paulo.

 

Para tornar-se flexível, o motor – um dos mais bem sucedidos do Grupo VW – passou por várias modificações. Do original foram mantidos, basicamente, o bloco de alumínio, pistões, virabrequim e bielas. A grande alteração física foi no cabeçote: o motor flex tem variação de fase nos dois comandos de válvulas, enquanto o importado tem apenas na admissão.

 

Evidentemente, os programas de gerenciamento do motor tiveram que ser alterados para permitir a livre dosagem de álcool e/ou gasolina. O resultado foi bom: o novo motor tem 150 cv, independentemente do combustível (o 1.4 usado no A3 Sedan importado tinha 122 cv – no Golf são 140 cv). O torque aumentou de 200 para 250 Nm.

 

O TFSI 1.4 Flex dispensa tanto o tanque de gasolina auxiliar como sistemas de pré-aquecimento do etanol para partidas a frio. Uma particularidade do Flex com injeção direta na câmara de combustão é a adoção de um sensor que identifica o combustível antes da entrada do motor, nos flex convencionais, o gerenciamento da injeção e ignição é baseado nos gases do escapamento, o que torna o sistema menos preciso e mais lento na adaptação a mudanças no coquetel álcool-gasolina quando o carro é abastecido.

 

O resultado se mede na aceleração: o A3 Sedan 1.4 brasileiro vai de 0 a 100 km/h em 8,8 segundos. Isto apesar de uma outra novidade verde-amarela, que a Audi não está fazendo muita questão de proclamar: o câmbio deixou de ser o sete marchas com dupla embreagem. Em seu lugar está um Tiptronic convencional de procedência nipo-mexicana, com seis velocidades. As marchas estão bem escalonadas, o que proporciona a boa aceleração – a maior parte dos motoristas jamais sentirá a diferença.

 

O conjunto é eficiente o bastante para garantir ao carro o selo verde da categoria A do INMETRO. A prática mostra que, no uso real, o A3 Sedan 1.4 pode chegar a ser mais econômico até do que no teste de laboratório – algo bastante incomum na indústria automotiva em geral.

 

Se o usuário normal não deve sentir a diferença do câmbio, muito menos perceberá a mudança ocorrida na suspensão traseira, que passou de multibraços para um convencional eixo de torção, semelhante ao usado nos modelos nacionais da Volkswagen. A alteração não influi no conforto e, em termos de estabilidade e dirigibilidade, só deve se manifestar quando o carro for exigido em curvas feitas no limite da aderência. Coisa que pessoas normais não costumam fazer.

 

A Audi explica as mudanças como necessárias para adaptar o carro às condições brasileiras de uso, o que é verdade até certo ponto. Certamente, porém, a necessidade de baixar custos para manter o A3 Sedan nacional competitivo teve seu peso na decisão de alterar o bem-sucedido projeto original alemão.

 

O A3 verde-amarelo é oferecido apenas com câmbio automático e, na versão Ambiente, topo de linha, conta com comandos de troca de marchas no volante. Tanto nesta quanto na Attraction, o carro é bastante confortável, com um bom acabamento interno. O ar-condicionado é eficiente e os instrumentos tem boa visibilidade. O porta-malas é generoso para o porte do carro, o que é bom para quem costuma viajar com a família.

 

Preços e versões

 

A Audi se preocupou em não aumentar e até mesmo reduziu, mesmo que quase simbolicamente, os preços do A3 Sedan nacional em relação ao modelo importado. A versão básica, Attraction, custará R$ 99.990 e a Ambiente, R$ 109.900.

 

A esses preços, o comprador deve adicionar o custo dos opcionais, oferecidos em pacotes que podem ser bastante salgados. Um deles, que inclui o Active Lane Assist (assistente que acusa mudanças de faixa involuntárias), ACC (piloto automático com manutenção de distância do carro da frente) e o rádio MMI Plus, com GPS e tela maior, custa R$ 13 mil. Outro, que junta forração em couro com teto solar, outros tantos reais.

 

De qualquer forma a fábrica aposta que a tendência do mercado, que acolheu muito bem a versão de entrada do carro importado, quase sem nenhuma sofisticação em termos de eletrônica embarcada, irá se manter. (Auto Estrada/Jorge Meditsch)