Caminhões menos poluidores estão na mira de governos

Folha de S. Paulo

 

Para tentar brecar o aquecimento do planeta, há uma corrida acontecendo neste momento em laboratórios de todo o mundo.

 

Objetivo: fazer caminhões menos beberrões e menos poluidores. Hoje em dia, eles contribuem com 6% das emissões de gás carbônico.

 

Nos EUA, já está definido que caminhões, grandes picapes, vans e ônibus construídos entre 2021 e 2027 terão de cortar 24% das emissões de poluentes, com base nos números de 2018.

 

Por isso, os governos americano da União Europeia estão ajudando a financiar pesquisas para fazer veículos pesados que transportem mais carga com menos consumo de combustível.

 

“Algumas das soluções propostas, como a redução do tamanho dos motores, sistemas híbridos com de recuperação de energia, melhor aerodinâmica e navegador GPS que ajusta marchas e velocidade já estão maduras para chegar à próxima geração de caminhões”, explicou à Folha Martin Daum, presidente da Daimler Trucks na América do Norte.

 

Novos combustíveis

 

Pesquisas recentes alargaram os horizontes para o diesel verde. Em abril deste ano, um estudo desenvolvido pela companhia de petróleo anglo­holandesa Shell e por pesquisadores americanos da universidade Virginia Tech criou hidrogênio a partir da glicose encontrada em espigas e folhas de milho.

 

“A tecnologia é promissora, mas precisamos avançar bastante em seu desenvolvimento”, diz o professor Percival Xhang, da Virginia Tech.

 

No mesmo mês, a Audi e a empresa energética alemã Sunfire anunciaram a sua versão de “e­diesel”.

 

Ele é feito a partir da eletrólise de vapor de água e gás carbônico, que separa hidrogênio e oxigênio. O resultado é um produto batizado de “azul cru”, refinado como uma espécie de biodiesel.

 

“Se conseguirmos transformar gás carbônico em combustível em escala industrial, será uma grande contribuição ao meio ambiente”, disse Joanna Wanka, ministra da Educação e Pesquisa da Alemanha, em um comunicado.

 

Por enquanto, sua produção é limitada a 3 mil litros.

 

Contudo, no ritmo em que as pesquisas evoluem, novos limites deverão ser ultrapassados em poucos anos.

 

Walmart aposta em caminhão aerodinâmico

 

O caminhão­-conceito W.A.V.E. (sigla em inglês para Protótipo Walmart de Veículo Avançado) é movido por um motor híbrido com microturbina, capaz de funcionar com diesel, biodiesel e gás natural, além de poder rodar apenas no modo elétrico dentro das cidades.

 

Outra inovação é a cabine montada sobre o motor, que coloca o motorista em posição mais central para guiar.

 

A carreta é feita em fibra de carbono e tem cerca de 1.800 kg a menos que uma convencional. Como é montada em conjunto com a cabine, tem as vantagens de levar mais carga e oferecer menos resistência ao ar.

 

Já o Optifuel Lab 2 conseguiu, em testes realizados na França, ser 22% mais eficiente do que o modelo T, caminhão da linha Renault Trucks no qual foi baseado.

 

Segundo a marca, o segredo foi melhorar a aerodinâmica, aliviar a resistência dos pneus e multiplicar as fontes de energia elétrica alternativa, com a adição de painéis solares e sistemas de reaproveitamento dos gases.

 

O resultado é um consumo de 13,9 km/l rodando a 72 km/h e com carga total de 33 toneladas.

 

Equipado com GPS conectado ao motor, o veículo antecipa a melhor velocidade e a marcha ideal para cada trecho do percurso. (Folha de S. Paulo/Fernando Valeika de Barros)