Folha de S. Paulo
Com queda de 44% nas receitas brasileiras nos nove primeiros meses deste ano, a fabricante de ônibus Marcopolo foi salva pela desvalorização do real –que reduzirá suas perdas em 2015 e 2016.
O enfraquecimento da moeda impulsionou as vendas para outros países e fez com que as exportações representassem mais de 50% do faturamento registrado até setembro, o que não ocorria desde 2005.
“A perspectiva é continuar aumentando as exportações, mesmo porque não vemos grandes mudanças para o Brasil no próximo ano”, disse o CEO da companhia, Francisco Gomes Neto, em sua primeira entrevista desde que assumiu o cargo, em agosto.
Neste ano, a Marcopolo voltou a vender para o Oriente Médio, mercado que perdera havia cerca de cinco anos. “A moeda não estava favorecendo e o Brasil estava muito aquecido até 2013”, afirmou o diretor financeiro, José Antonio Valiati.
A receita total da empresa nos nove primeiros meses de 2015 recuou 20,1%.
Gomes Neto, porém, projeta que os últimos três meses do ano sejam melhores. “O fim do PSI [programa do BNDES que financia a compra de ônibus e que será encerrado em dezembro] fez clientes adiantarem suas compras”.
Com a relativa melhora do cenário, parte dos funcionários que estavam trabalhando em jornada reduzida voltaram ao período integral em outubro. Hoje, 30% da mão de obra continua com carga horária limitada.
Desde janeiro, foram demitidas 2.194 pessoas. Permanecem no quadro da empresa no Brasil 8.302 trabalhadores.
Sem freios
Apesar de enfrentar dificuldades no Brasil, a Marcopolo anunciou na semana passada a intenção de adquirir 55% da participação acionária da também fabricante de ônibus Neobus, de quem já detém os outros 45%.
A Neobus é sua concorrente direta e atua com duas fábricas no país (no Rio Grande do Sul e no Rio de Janeiro) e uma no México.
“Manteremos as marcas independentes e buscaremos uma sinergia para otimizar os custos”, diz o CEO da Marcopolo, Francisco Gomes Neto.
Há planos para integrar as áreas de suprimentos, administrativa e de operação. A distribuição e o comercial serão mantidos independentes.
Com a aquisição, a participação da companhia no mercado brasileiro deverá passar dos atuais 40% para 52%.
A compra, que deverá ser concluída até janeiro de 2016, ainda precisa ser aprovada pelas autoridades de defesa da concorrência. (Folha de S. Paulo)