Folha de S. Paulo
O trabalho, realizado pela CNI, Confederação Nacional da Indústria, nos últimos quatro anos, com a consultoria Macrologística, levantou os custos de transporte das empresas para usar as atuais rodovias, ferrovias, portos e hidrovias brasileiras e quais seriam os caminhos que no futuro reduziriam mais os custos com esse item, que representa algo próximo de 7% do PIB nacional.
Após levantamento em quatro regiões, o trabalho relativo ao Sudeste foi divulgado nesta segunda, 26, e apontou que o investimento em oito grandes eixos de transporte levaria em 2020 a uma redução de custos de transportes de cerca de R$ 10 bilhões/ano (5% dos gastos previstos).
Das obras consideradas, a grande maioria consta há ao menos uma década nos planos do governo, mas a execução patina na falta de recursos e de planejamento e na burocracia.
Um dos casos envolve a rodovia Presidente Dutra. Na concessão, realizada em 1996, havia a previsão de construção de uma nova pista na serra das Araras-RJ num trecho sinuoso em que caminhões de grande porte têm dificuldade para trafegar.
A obra não foi feita e há ao menos quatro anos o governo e a concessionária negociam uma forma de fazer a nova pista. Em agosto, foi anunciada como projeto do PIL 2 (Programa de Investimento em Logística), mas só deve começar em 2016.
A nova pista da Dutra, aliada a outras grandes obras já em andamento, como a duplicação da serra do Cafezal, na Régis Bittencourt-SP, e o Rodoanel Norte-SP, teriam o potencial de reduzir os custos de transportes para as empresas em R$ 716 milhões por ano no início da próxima década.
Wagner Cardoso, gerente-executivo de infraestrutura da CNI, disse que a intenção do órgão é colaborar com trabalhos que o próprio governo já faz para planejar o desenvolvimento do transporte no país. Segundo ele, o fato de muitas obras se arrastarem é decorrente dos problemas com desapropriações e licenças. “Essas são partes que deveriam ficar com o governo, e não com o empreendedor.”
Outras regiões
A situação das obras no Sudeste é muito parecida com a de outros dez eixos considerados prioritários das outras quatro regiões, identificados nas pesquisas anteriores. Todos já estiveram em algum plano governamental, muitos têm obras iniciadas, mas não conseguem ficar prontos.
É o caso da ligação entre Mato Grosso e o Pará pela BR-163, chamada por Cardoso de “joia da coroa” da infraestrutura do país. É dos projetos com maior potencial de redução de custos (R$ 2,2 bilhões/ano), já que poderia levar cargas do agronegócio ao Norte e trazer cargas industriais em direção ao Sul, algo raro num eixo logístico.
Outro projeto considerado por ele de grande valor seria a reforma dos portos do Nordeste para que eles possam ampliar o transporte de cargas entre as capitais pelo mar, a cabotagem. (Folha de S. Paulo)