Sinais menos ruins nas tendências da indústria

O Estado de S. Paulo

 

Embora a Sondagem Industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI) tenha mantido, em setembro, a tendência negativa dos últimos meses, surgiram ligeiros sinais de acomodação ou até de melhora em itens como estoques, vendas externas e intenção de investimento. Tão intensa e longa é a crise na indústria que o surgimento de sinais positivos, ainda que tênues, não pode ser ignorado.

 

O índice de evolução dos estoques chegou a 49,7 pontos, ligeiramente abaixo da linha de 50 pontos, que separa o campo positivo do negativo. Foi a primeira vez no ano que os estoques caíram, mas os especialistas da CNI preferem falar em estabilidade, admitindo apenas que “há progresso no processo de ajustes dos estoques das empresas”.

 

A ressalva é que os estoques não caíram porque aumentou a demanda, mas porque persistiu a queda da produção, observou um economista da entidade, Marcelo Azeredo. O recuo nos estoques de bebidas, têxteis, vestuário e calçados revela que as indústrias se preparam para vendas natalinas mais fracas do que em anos anteriores.

 

No segmento de veículos, nem a diminuição da produção levou as montadoras a um corte significativo de estoques.

 

O otimismo quanto às exportações foi mais intenso, com alta de 50 para 52,5 pontos no índice de expectativa de quantidade exportada.

 

É um efeito positivo da desvalorização do real para as empresas com acesso ao mercado externo.

 

A intenção de investimento aumentou 1,5 ponto e chegou a 40,7 pontos. É um índice negativo, mas deve-se lembrar que ele vinha em queda contínua desde o fim do ano passado.

 

É cedo para otimismo, como se constata pelos principais problemas relatados pelas 2.468 empresas consultadas. Entre o segundo e o terceiro trimestres, as indústrias estão menos preocupadas com a falta ou o alto custo da energia (de 37,5% para 29,4%), com a falta ou o custo do trabalho qualificado (de 6,9% para 5,5%) ou com as dificuldades na logística de transporte (de 9,1% para 5,5%). A resposta se deve à intensidade da recessão, que provoca o aumento da oferta de mão de obra e de transporte, por exemplo.

 

Para a média das indústrias, cresceu a preocupação com o câmbio (de 15,7% para 27,5%), sinal de aumento dos custos de produção e risco de falta de matéria­prima.

 

Pior do que o juro alto, o acesso ao crédito é ruim – o menor em nove anos, que incluem a crise de 2009. (O Estado de S. Paulo)