O Estado de S. Paulo
O nível de utilização da capacidade do setor automotivo caiu para 48% em 2015 e voltou ao mesmo nível de 2002, afirmou o presidente da Volkswagen no Brasil, David Powels. Ele fez uma apresentação sobre a atual situação do setor no congresso AutoData, em São Paulo.
“Em 1996, tínhamos (o setor automotivo) a capacidade de produzir 1,7 milhão de unidades, e o porcentual de produção era de 81%. Agora, temos potencial para produzir 5,5 milhões, e a utilização da capacidade é de 48%, o mesmo patamar de 2002, quando vim para o Brasil pela primeira vez”, disse o executivo. Ele veio ao Brasil em 2002 para ocupar o cargo de vicepresidente de finanças da Volkswagen, saindo em 2007 para trabalhar na subsidiária da montadora na África do Sul. Voltou neste ano para assumir a presidência.
Segundo ele, a produção do setor de veículos deve atingir algo em torno de 2,5 milhões de unidades em 2015 no País, retração de cerca de 30% em relação ao nível de 2014. “Os custos aumentaram, perdemos competitividade e a demanda diminuiu”, explicou Powels.
O executivo afirmou que nunca viu o mercado automotivo brasileiro tão instável como agora. “Precisamos trabalhar com o governo e os demais players para evitar esse tipo de volatilidade. Não podemos deixar o mercado piorar para daqui a dez anos estarmos discutindo outra tragédia”, declarou.
Para Powels, o cenário não deve melhorar nos próximos anos. “Não sei quando vamos voltar a ter os níveis dos anos anteriores, não sei se será rápido, mas vamos ter de elevar a produtividade, reduzir impostos e estimular a demanda”, afirmou.
O executivo evitou falar sobre o escândalo mundial envolvendo a montadora alemã, em relação à instalação de um software em seus veículos movidos a diesel que enganou agências reguladoras sobre a emissão de gases poluentes. (O Estado de S. Paulo/André Ítalo Rocha)