O Estado de S. Paulo/Reuters
A Volkswagen fez diversas versões do software criado para enganar testes de emissão de poluentes, disseram à Reuters três pessoas próximas ao tema, potencialmente sugerindo um complexo esquema de trapaças cometido pela montadora alemã.
Durante os sete anos das fraudes confessas, a Volkswagen alterou software ilegal para quatro tipos de motores, disseram as fontes, que incluem um gerente da VW com conhecimento do tema e uma autoridade norteamericana próxima à investigação.
Portavozes da VW na Europa e nos Estados Unidos não quiseram comentar se a empresa desenvolveu múltiplos aparelhos para fraudar os testes, afirmando que há investigações em curso tanto na empresa como por autoridades nas duas regiões.
Envolvidos. Questionada sobre o número de pessoas que poderiam ter tido conhecimento da fraude, um portavoz dos escritórios da companhia em Wolfsburg, Alemanha, disse: “estamos trabalhando intensamente para investigar quem sabia o que e quando, mas ainda é muito cedo para dizer”.
Alguns especialistas da indústria e analistas disseram que a existência de diversas versões do dispositivo levanta a possibilidade de que uma série de funcionários possa estar envolvida. Técnicos de software teriam de obter financiamento regular e conhecimento da programação dos motores, disseram.
O número de pessoas envolvidas é uma questão central para investidores, porque pode afetar o tamanho de potenciais multas e a amplitude das mudanças na administração da empresa, disse Arndt Ellinghorst, analista da consultoria Evercore ISI.
“Quando mais gente de alto escalão estiver envolvida, mais a companhia é considerada responsável e merecedora de punições mais sérias”, disse Brandon Garrett, especialista em crime corporativo da Escola de Direito da Universidade de Virgínia, nos Estados Unidos.
A Volkswagen admitiu em 18 de setembro ter usado um software que poderia identificar quando um veículo a diesel estava sendo testado e com isso reduzir temporariamente as emissões tóxicas de gases para conseguir passar nos testes de reguladores norteamericanos. (O Estado de S. Paulo/Reuters)