Vendas despencam, preços sobem

O Estado de S. Paulo

 

Apesar da queda nas vendas, que no segmento de caminhões já bate nos 44% no acumulado de janeiro a setembro em relação a 2014, a MAN Latin América, líder no segmento, vai reajustar preços em janeiro em 7,5%. Ao longo do ano, outro aumento de 7,5% será aplicado nos modelos da marca, que também produz veículos da Volkswagen.

 

O presidente da empresa, Roberto Cortes, diz que não há como absorver o aumento de custos de 15% registrado neste ano. “Tem inflação alta, aumento de energia, de material importado, do aço e do dólar”, justifica. Segundo ele, em janeiro houve reajuste de 5% nos caminhões da marca, como parte de repasse do aumento de custos de 7,5% em 2014.

 

PPE

 

A MAN também negocia com os cerca de 4,2 mil funcionários da fábrica de Resende (RJ) adesão ao Programa de Proteção ao Emprego (PPE). A ideia é reduzir a jornada em 20% e os salários em 10%, já que metade do corte salarial é bancado pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).

 

A empresa alega ter 1,2 mil trabalhadores excedentes e opera com um terço de sua capacidade produtiva. No complexo da fábrica carioca operam sete fornecedores de autopeças.

 

Se aprovado, será a quinta montadora a participar do programa, cujo objetivo é evitar demissões. Ao todo, já há 33 mil trabalhadores do setor previstos para entrar no programa, segundo a Anfavea, associação que representa as montadoras.

 

“A ideia é substituir duas ferramentas adotadas atualmente, a redução da jornada e salários em 10% – em vigor desde janeiro – e o lay-off de 700 funcionários que voltariam em novembro”, diz Cortes.

 

O diretor do Sindicato dos Metalúrgicos do Sul Fluminense, Bartholomeu Citeli, vê dificuldades em aprovar a proposta. “Começamos 2015 com salários reduzidos e não queremos começar 2016 do mesmo jeito”.

 

Vendas

 

Cortes quer adotar o PPE por um ano, período em que espera uma recuperação do mercado. Até setembro, as vendas totais de caminhões no País caíram 43,9%, para 55,5 mil unidades. Na MAN, a queda foi de 42,3%, para 15,1 mil unidades.

 

A concorrente Mercedes-Benz, que já aderiu ao PPE, registrou queda de 42,9% nas vendas, para 14,6 mil caminhões, enquanto na Ford o recuo foi de 22,6% (10,4 mil).

 

Outra das principais fabricantes, a Volvo, contabiliza queda de 55,4% (6,4 mil unidades). Para a Scania o tombo foi ainda maior, de 62,7%, para 3,8 mil unidades. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)