Corte de investimento da Petrobras é péssimo, diz Abimaq

O Estado de S. Paulo

 

O anúncio da Petrobras de que vai cortar investimentos – US$ 3 bilhões neste ano e US$ 8 bilhões em 2016 – foi considerado “péssimo” pelo presidente da Associação da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), José Velloso Dias Cardoso.

 

“Isso vai ser péssimo para nós, que já vivemos de encomendas antigas. Na verdade, os fornecedores do setor de petróleo e gás sofrem há tempos”, afirmou Velloso.

 

A indústria petroleira vai se reunir com o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, na semana que vem. Será levado a ele uma proposta de estímulo ao investimento, com mudanças regulatórias.

 

Hoje, a saída para o segmento de máquinas e equipamentos com foco na indústria petroleira é “sobreviver de manutenção”, disse o executivo.

 

Ele acrescentou ainda que o ambiente atual, de predomínio da Petrobras como compradora, é prejudicial aos fornecedores. “O conceito de cliente único é ruim sob vários aspectos. Um deles é o que está acontecendo agora com a Petrobras”, enfatizou o presidente da Abimaq.

 

Na mesma linha, a concentração de mercado nas mãos da estatal foi criticada pelo presidente da Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Petróleo (Abespetro), Paulo Martins.

 

“Não sabemos ainda o detalhamento do corte e os projetos que serão adiados. A gente tem no Brasil um cliente dominante. Hoje dependemos de um único cliente (a Petrobras). Com isso, toda variação (corte de investimento da Petrobras) afeta a indústria”, disse.

 

IBP

 

Para o presidente do Instituto Brasileiro do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), Jorge Camargo, que representa empresas petroleiras de grande porte, inclusive a Petrobras, o momento exige “corte de custo, mais disciplina de capital e inovação tecnológica”.

 

Ele acrescenta, no entanto, que o pré-sal continua sendo a grande aposta das companhias. Em sua opinião, apesar dos baixos preços do petróleo, “o pré-sal é viável”.

 

Pela estimativa do IBP, no Brasil, a soma de investimento de petroleiras deve ser de US$ 20 bilhões a US$ 25 bilhões em 2016. “É pouco. No mundo todo, as contratações giram em torno de US$ 700 bilhões, 10% disso poderia vir para o Brasil”, complementou.

 

A indústria petroleira – incluindo as produtoras de petróleo e as principais associações representantes dos segmentos fornecedores – elaborou uma “Agenda Mínima para o Setor Petróleo”, que será apresentada ao ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, na semana que vem, no dia 13.

 

A agenda possui oito propostas de transformação do modelo regulatório atual. Entre os destaques estão o fim da obrigatoriedade de que a Petrobras responda por 30% dos investimentos no pré-sal, no mínimo, na figura de operador único, e o aperfeiçoamento da regra de conteúdo local.

 

A indústria sugere que cobranças de aquisição de bens e serviço na fase de exploração, de mais risco, perca peso na contabilidade do porcentual mínimo que as petroleiras devem atingir para cumprir a exigência de conteúdo local.

 

Além disso, pede que a política seja mais de premiação das empresas que cumprem o conteúdo local, do que de penalidade. (O Estado de S. Paulo/Fernanda Nunes)