Presidente da GM revela planos para entrar na corrida dos autoguiados

Folha/Financial Times

 

Mary Barra, presidente­executiva da General Motors, revelou na última quinta­feira (1º) planos para enfrentar o Google e a Apple no segmento de carros autoguiados e outras tecnologias de transporte urbano, afirmando que a posição de liderança da GM no mercado automobilístico dos Estados Unidos significa que a empresa está bem posicionada para ser um dos “desordenadores” que abalarão o mercado.

 

O desenvolvimento de carros autoguiados – que inclui um programa piloto para o desenvolvimento de modelos autoguiados do Chevrolet Volt no Warren Technical Center da GM, perto de Detroit – foi uma das iniciativas reveladas em uma conferência mundial de negócios realizada no Milford Proving Ground, pista de testes da companhia no Michigan.

 

Barra também anunciou planos de investir em serviços de compartilhamento de carros, em uma bicicleta com sistema auxiliar de propulsão elétrica, em novos veículos leves e em uma nova plataforma de veículos dirigida aos mercados emergentes. Ela fez os anúncios no momento em que a companhia anunciou seus resultados de setembro, que apontam para 12,5% de alta de suas vendas nos Estados Unidos ante o mesmo período em 2014.

 

“Sabemos que este setor está sendo desordenado”, disse Barra a investidores. “Mas também podemos estar entre os desordenadores”.

 

A conferência foi a primeira oportunidade para que Barra apresentasse uma estratégia abrangente para a GM livre da sombra da crise dos comutadores de ignição defeituosos que surgiu poucas semanas depois de ela se tornar a primeira mulher a assumir o comando da companhia, em janeiro de 2014. No dia 17 de setembro, a montadora anunciou um acordo com promotores públicos federais e estaduais dos Estados Unidos quanto à crise – ligada a pelo menos 124 mortes em acidentes.

 

Barra retratou os veículos autoguiados e iniciativas semelhantes como uma oportunidade, em um ambiente no qual o crescimento tanto em mercados maduros como os Estados Unidos e a Europa quanto em alguns dos mercados emergentes, a exemplo da China, está se desacelerando ou já estacou.

 

A companhia reiterou que estava a caminho de cumprir sua meta de lucros anteriores aos impostos e juros, com margem de lucro de 10% em suas operações americanas no ano que vem, e também reafirmou sua meta de obter margens de lucro de 9% a 10%, antes dos impostos e juros, para toda a companhia, até o começo da próxima década.

 

Barra disse que a GM estava trabalhando para “redefinir” seu relacionamento com seus clientes e com a mobilidade pessoal.

 

“O que realmente importa, quando consideramos o cliente e o futuro da mobilidade pessoal, é como podemos assumir o controle desse relacionamento com o cliente, tanto dentro quanto fora do carro?”, ela disse.

 

O anúncio que atraiu mais atenção foi o plano de introduzir uma frota de veículos autoguiados para conduzir os funcionários da empresa pelas suas vastas instalações em Warren, no subúrbio de Detroit. O plano lembra os testes de carros autoguiados do Google na região de Mountain View, Califórnia.

 

Mark Reuss, diretor de desenvolvimento de produtos da GM, disse que o teste não estava sendo realizado como “um golpe de publicidade”, e acrescentou que a companhia não operaria os veículos em vias públicas até ter certeza de que se pode fazê­lo em segurança.

 

A GM também anunciou iniciativas para tratar do crescente desafio representado pela transferência da população de muitos países a grandes cidades, nas quais o índice de propriedade de carros é mais baixo.

 

A montadora anunciou que lançaria um serviço de carros compartilhados para os moradores de apartamentos em Times Square, no centro de Nova York, e também prometeu desenvolver uma bicicleta elétrica, para aproveitar o crescimento do ciclismo em muitas cidades. (Folha/Financial Times/Robert Wright/Tradução de PauloMigliacci)