Em meio à crise, ociosidade da indústria bate recorde em agosto

O Estado de S. Paulo

 

A utilização da capacidade instalada (UCI) da indústria caiu de 78,7% em julho para 77,9% em agosto, conforme informou nesta quinta­feira, 1, a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Este dado é dessazonalizado e é o menor nível de toda a série histórica, iniciada em janeiro de 2003. Já a UCI sem ajuste passou de 79,1% para 78,3% no mesmo período de comparação.

 

Com um resultado positivo em agosto ante julho, a massa salarial apresentou um aumento de 0,3% e o rendimento médio real um acréscimo de 1,1%. Embora esses indicadores tenham apresentado resultado melhor do que no mês anterior, a CNI ressalta que eles não sugerem melhora no mercado de trabalho industrial e devem estar associados ao crescimento dos gastos com demissões.

 

O faturamento real da indústria subiu 0,7% em agosto ante julho, mas apresentou uma queda de 7,2% em comparação ao mesmo período do ano passado. Este dado é dessazonalizado. “Na comparação foi oito primeiros meses de 2015 com os mesmos meses de 2014, nota­se contração de 6,6% no faturamento da indústria”, trouxe o documento Indicadores Industriais.

 

Veículos. O setor de veículos automotores foi o que apresentou a maior queda de faturamento real na indústria de transformação em agosto ante o mesmo mês do ano passado. De acordo com a entidade, houve recuo de 32,9% no período, o que tornou a situação acumulada de 2015 negativa em 24,4%.

 

Também tiveram desempenhos negativos os setores de vestuário (­28,8% em agosto e ­26,6% no acumulado do ano), móveis (­24,8% e ­15,5%), máquinas e equipamentos (­23,2% e ­ 21,3%), produtos de metal (­19,7% e ­12,2%) e impressão e reprodução (­17,9% e ­15,5%).

 

Já os resultados mais positivos no período foram vistos nos setores de outros equipamentos de transporte (26,5% e 15,4%), químicos (16,3% e 17,1%) e celulose e papel (12,5% e 7,7%).

 

Emprego

 

O nível de emprego na indústria recuou 1,1% em agosto na comparação com julho (dado dessazonalizado) e 7,1% ante o mesmo mês do ano passado. Até agosto, a baixa é de 5,2% ante os oito primeiros meses de 2014.

 

Já o número de horas trabalhadas caiu 0,3% em agosto sobre julho e recuou 10,2% na comparação com o mesmo mês do ano passado.

 

No acumulado do ano, a queda é de 9,2%. O rendimento médio real dos empregados da indústria ­ que subiu 1,1% no dado na margem, caiu 0,2% no dado anual e cresceu 0,2% no acumulado do ano ­ deverá apresentar resultados negativos nos próximos meses. (O Estado de S. Paulo/Raquel Gamarski)