Reuters
A Volkswagen impôs um congelamento de contratações em sua divisão financeira e cortou um turno de produção em uma fábrica de motores da Alemanha, preparando-se para o impacto em seus negócios do escândalo de fraude em testes de emissões de poluentes em seus carros a diesel.
Executivos graduados da montadora vão avaliar nesta quarta-feira as descobertas iniciais produzidas por uma investigação interna sobre a maior crise vivida pela companhia em seus 78 anos de história, afirmou uma fonte com conhecimento do assunto.
A reunião se dará na sede da empresa em Wolfsburg e a comissão executiva do Conselho de Administração também vai se preparar para uma investigação externa conduzida pelo escritório de advocacia norte-americano Jones Day, que terá um representante presente na reunião, afirmou a fonte.
A maior montadora da Europa admitiu ter usado um software para fraudar testes de emissões de poluentes de veículos a diesel nos Estados Unidos. O Ministro dos Transportes da Alemanha disse que a empresa também manipulou testes na Europa, onde a Volkswagen vende cerca de 40 por cento de seus veículos.
O novo presidente-executivo da companhia, Matthias Mueller, que assumiu o grupo no lugar de Martin Winterkorn na última sexta-feira, prometeu encontrar os responsáveis pelas fraudes e criar uma nova cultura de negócios na Volkswagen.
A empresa afirmou na véspera que vai reparar 11 milhões de veículos a diesel equipados com o software fraudador de testes, um dos maiores recalls já feitos por uma montadora. A empresa prometeu enviar informações aos reguladores no próximo mês.
Uma fonte com conhecimento do assunto afirmou à Reuters que um engenheiro tinha alertado sobre as práticas ilegais na medição dos poluentes em uma avaliação interna da companhia em 2011, mas que nenhuma ação foi tomada pelo grupo.
Os problemas da companhia têm sido um embaraço para o governo alemão, que por anos considerou a Volkswagen como um modelo de sua força de engenharia e defendeu o grupo contra regulamentações mais rígidas sobre montadoras. A indústria de veículos alemã emprega mais de 750 mil pessoas e tem grande peso nas exportações do país.
Enquanto isso, montadoras de veículos temem que a crise do grupo alemão acabe levando a regulamentações mais custosas, além de prejudicar as vendas de carros com motores diesel. (Reuters/Andreas Cremer)