Crise do setor automobilístico no Brasil repercute em Frankfurt

Folha de S. Paulo

 

Em contraste ao bom momento que vive o setor automotivo na Alemanha, a queda acentuada na produção de veículos no Brasil repercute em Frankfurt.

 

“O mercado brasileiro voltará a cair este ano e poderá ficar estável em 2016, mas sem recuperar o tamanho que já teve há dois anos”, disse à Folha o franco­brasileiro Carlos Ghosn, presidente da Aliança Renault­Nissan.

 

O português Carlos Tavares, principal executivo da PSA, holding francesa que reúne as marcas Peugeot e Citroën, não espera tempos fáceis nos próximos meses. “Sobram preocupações nas nossas operações brasileiras”, diz ele. “É um momento em que temos de fazer o necessário para não ter prejuízos, acreditando no potencial de retomada do país”.

 

A opinião do sul­africano David Powels, presidente da Volkswagen do Brasil, não é muito diferente. Segundo ele, as linhas de montagem brasileiras estão com cerca de 50% de capacidade ociosa. “Não acreditamos que esta situação melhore muito dentro dos próximos 18 meses”, diz.

 

A montadora alemã negocia com o sindicato do ABC a adesão ao PPE (Programa de proteção ao Emprego).

 

Para contornar o momento ruim, a VW busca estabelecer acordos de exportação. O compacto Up!, produzido pela marca no Brasil, irá para o México, a Colômbia, o Uruguai e o Chile, entre outros mercados.

 

Para as vendas internas, a fabricante prepara a futura importação da nova geração do utilitário Tiguan, que será produzido no México e terá opção de sete lugares.

 

Premium

 

Mais otimista, o alemão Jörg Hofmann, diretor­presidente da Audi no Brasil, acaba de comemorar, em agosto, o melhor desempenho de vendas da marca no Brasil, com 1.942 carros vendidos.

 

Há poucas semanas do lançamento do A3 Sedã, Hofmann afirma que carros do segmento premium continuarão a sofrer menos o efeito da economia conturbada. “O mercado brasileiro é difícil, mas temos bons produtos para vencer a crise”. (Folha de S. Paulo/Fernando Valeika de Barros)