Não vale a pena comprar o 2015

O Mundo em Movimento

 

O consumidor deve tomar muito cuidado ao comprar um carro zero nessa época, onde convivem dois tipos de modelos que podem ser exatamente idênticos, mas com valor de mercado bem diferente um do outro: o 2015 e o 2016.

 

A diferença entre eles pode chegar a 10%, ou mais de R$ 4 mil, um valor que determina a decisão de compra nesse segmento de entrada. Mas o comprador não deve se impressionar com o preço mais caro do 2016. De nada adianta pagar mais barato o 2015 se o dono do carro vai perder na hora da revenda.

 

Explica-se: daqui a um ano o modelo 2015 vai valer cerca de 10% a menos do que o 2016. Essa é a depreciação média de um carro pequeno no mercado brasileiro, conforme estudo de Depreciação Auto Informe/Molicar, base do prêmio Maior Valor de Revenda, que homenageia os carros que menos perdem valor após um ano de uso.

 

É nessa época do ano (agosto e setembro) que a maioria das marcas fazem a mudança da linha de 2015 para 2016, embora algumas montadoras já tenham lançado o 2016 no primeiro semestre. Por isso o mercado convive com os dois modelos, em muitos casos idênticos, sem nenhuma alteração mecânica ou estética. Mas para as leis do mercado, o que vale é o documento, assim, o 2016 vale mais do que o 2015.

 

Nem todos os vendedores alertam o consumidor para esse detalhe, por isso é preciso ficar atento na hora da compra. Se o carro for 2015 ele deve custar pelo menos 10% a menos, para que você não tome prejuízo na hora da revenda. Se o desconto for menor, compre o 2016, mesmo mais caro, pois do ponto de vista financeiro é o melhor negócio.

 

A maioria dos carros fabricados no Brasil em estoque nas concessionárias já é modelo 2016, mas ainda existem muitos 2015, caso do Onix, da GM, cujo modelo 2016 começa a chegar na semana que vem. Nesse caso, o consumidor deve ponderar se vale a pena esperar para fazer a compra; se optar por comprar já, portanto o modelo 2015, saiba que vai perder dinheiro na hora da revenda, portanto peça um desconto na concessionária. Tenha como referência que o Onix perde 8,5% do seu preço após um ano de uso. O hatch da GM foi o campeão do Prêmio Maior Valor de Revenda 2014, é o carro menos depreciado do mercado brasileiro.

 

A maioria dos modelos à venda já é linha 2016, mas o repórter Caio Bednarski encontrou pelo menos sete carros que oferecem os dois anos-modelos ao consumidor e levantou os preços de cada um. Em geral, o desconto oferecido para o modelo 2015 é menor do que o percentual de depreciação que o carro vai ter após um ano de uso.

 

Claro que a decisão de compra deve levar em conta também a disponibilidade de dinheiro: comprando o 2015 você vai dispor de menos recursos ou reduzir ou juros que terá que pagar pelo financiamento. A decisão é sua. Veja os preços que encontramos no mercado e tome a sua decisão.

 

No caso de dois carros – o Fox e o C3 – quase não há modelo 2015 à disposição; o grosso do estoque já é 2016 e o desconto é significativo: o Fox 1.6 Comfortline 2016 custa R$ 50 mil e o 2015 R$ 43 mil, uma diferença de 14%. No Estudo de Depreciação Autoinforme esse carro perde 11,5% do valor após um ano de uso, quer dizer: o preço é bem vantajoso.  Já o Citroën C3 Exclusive 1.5 manual é vendido por R$ 55 mil na versão 2016. A única unidade 2015 que encontramos era vendida por R$ 52.

 

Em pelo menos quatro redes de concessionárias o consumidor pode optar por comprar o 2015 ou o 2016. Na Fiat, o novo Palio 2016 é vendido por R$ 40 mil, 10,3% a menos do que o 2015 e o Palio Fire tem a mesma diferença (o 2015 custa R$ R$ 33 mil e o 2016 R$ 36 mil).

 

Na rede GM, o Classic 2015 custa R$ 32,9 mil e o modelo 2016 sobe para R$ 34,9 mil. A diferença, 5,7%, é menor do que o percentual que o carro perde na hora da revenda, após um ano de uso: 14,8%.

 

O New Fiesta 1.6 automático custa R$ 58 mil na versão 2016 e R$ 54 mil na versão 2015 e o Peugeot 208 Allure 2016 custa R$ 53 mil  e R$ 50 mil na versão 2015: a diferença, de 5,7%, fica bem abaixo da depreciação que o 208 sofre após um ano, que é de 13,2%.

 

O que vale, no mercado, é o ano-modelo e não o ano de fabricação. Assim, o modelo 2015/2016 que você vai comprar agora, na hora da revenda vai valer o mesmo preço que o modelo 2016/2016 que será vendido no ano que vem. Obviamente considerando as mesmas condições de conservação e quilometragem. (O Mundo em Movimento/Joel Leite)