O Estado de S. Paulo
As fábricas da Volkswagen e da Ford em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, vão paralisar a produção durante toda a próxima semana em mais uma medida para adequar a produção à demanda. Ao todo, cerca de 8 mil funcionários da VW e 3 mil da Ford ficarão em casa no período.
As empresas aproveitarão o feriado de aniversário da cidade, no dia 20, para dispensar os trabalhadores pelo sistema de banco de horas (que podem ser compensadas futuramente).
No caso da VW, a produção dos modelos Gol e Saveiro será suspensa na semana inteira, enquanto a do Jetta ficará parada de quarta à sextafeira. Na Ford, a linha do Fiesta também ficará parada durante toda a próxima semana. A linha de caminhões estenderá a paralisação até terçafeira, dia 25.
Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, na fabricante de caminhões Scania a dispensa para os 2 mil trabalhadores da produção ocorrerá apenas na quinta e na sextafeira. Já na Mercedes-Benz, os 7 mil trabalhadores do setor produtivo estão em licença remunerada desde o dia 7, com retorno previsto para o dia 24.
Manifestação
Funcionários da General Motors de São José dos Campos (SP) realizam nesta sextafeira, 14, manifestação às 8h com a presença de familiares, entidades sindicais, movimentos sociais e população em geral contra demissões na fábrica. No sábado, funcionários da unidade começaram a receber telegramas e telefonemas informado das dispensas.
Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos local, já passa de 600 o total de cortes, mais de 10% do quadro total, que era de 5,2 mil funcionários. A GM não divulga o número de demitidos. A unidade produz os modelos S10 e Trailblazer.
A pedido da GM, na segundafeira haverá audiência de dissídio coletivo no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), de Campinas, contra a greve iniciada na segundafeira.
Neste ano, até julho, a indústria automobilística demitiu 8,8 mil trabalhadores. A produção de veículos caiu 18,1% no período em relação a 2014, segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
Estado de greve
Em Taubaté, funcionários da VW decretaram estado de greve a partir de segundafeira. Eles temem demissões após a recusa da proposta da empresa de congelamento de salários e antecipação de aposentadorias. Nesta quintafeira e amanhã a empresa deu folga aos 5 mil funcionários e a produção dos modelos up!, Voyage e Gol foi suspensa.
Em nota, a empresa informou que “apesar de a proposta não ter sido aprovada, continua urgente a necessidade de adequação de efetivo e otimização de custos para melhorar as condições de competitividade de Taubaté.” O Sindicato dos Metalúrgicos afirmou que a empresa alega ter 500 trabalhadores excedentes, sendo que 387 deles estão em layoff.
A Volkswagen ressaltou ainda que diversas medidas de flexibilização da produção foram aplicadas em 2015 na fábrica de Taubaté, como férias coletivas, suspensão temporária dos contratos de trabalho (layoff), folgas, entre outras. “No entanto, todos os esforços não foram suficientes para adequar a produção à demanda do mercado”.(O Estado de S. Paulo/Cleide Silve)