Passam de 500 as demissões na GM, diz sindicato

O Estado de S. Paulo

 

Passa de 500 o total de demissões na fábrica da General Motors em São José dos Campos (SP), segundo informa o sindicato dos metalúrgicos local. O número tem como base trabalhadores demitidos que procuraram o sindicato, uma vez que a empresa se nega a informar dados oficiais. Os trabalhadores começaram a receber telegramas de dispensa no sábado.

 

“O número de cortes já chega a quase 10% da planta e pode aumentar ainda mais, o que é inaceitável diante de todos os incentivos fiscais recebidos pela montadora. Por isso, cobramos a intervenção dos governos municipal, estadual e federal, no sentido de garantir os empregos”, disse, em nota, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, Antônio Ferreira de Barros.

 

Antes dos cortes, a montadora empregava 5,2 funcionários na unidade que produz os modelos S10 e TrailBlazer. A produção está suspensa desde segunda­feira, quando foi decretada greve contra as demissões.

 

A GM informou nesta quarta­feira que obteve na Justiça do Trabalho medida liminar determinando ao sindicato “que se abstenha de bloquear vias, bolsões e acessos, permitindo a entrada e a saída de pessoas e veículos”. Determina também que os sindicalistas “se abstenham de invadir a unidade fabril e de praticar atos de violência contra pessoas e o patrimônio da empresa”, garantindo assim o livre acesso às dependências do complexo.

 

Segundo o sindicato, a GM condiciona a negociação ao fim da greve, enquanto a entidade defende que a volta ao trabalho ocorra após a suspensão das demissões. Nesta sexta­feira, o sindicato realizará manifestação na cidade. Recentemente, a GM também cortou 500 vagas na fábrica de São Caetano do Sul (SP).

 

Greve na Volks. Em Taubaté (SP), funcionários da Volkswagen aprovaram nesta quarta­feira, em assembleia, estado de greve. Eles temem demissões após a recusa dos trabalhadores à proposta da empresa de congelamento de salários e antecipação de aposentadorias.

 

Nesta quinta­feira e na sexta­feira, os cerca de 5 mil trabalhadores da unidade que produz os modelos up!, Voyage e Gol estão de folga, também para adequar a produção à demanda.

 

Na fábrica de São Bernardo do Campo (SP), a Volks estuda parar a produção dos modelos Gol e Parati na próxima semana, aproveitando o feriado de aniversário da cidade, no dia 20.

 

Férias

 

A Fiat dará, pela quarta vez no ano, férias coletivas para funcionários da fábrica de Betim (MG), por 20 dias. Dessa vez, a medida envolve 3 mil dos cerca de 19 mil trabalhadores da unidade. O objetivo também é adequar a produção à demanda. As férias terão início no dia 24.

 

“A queda no comércio de automóveis reflete nos funcionários da empresa. Diante disso, as férias coletivas são muito melhores do que as demissões”, disse o diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Betim, Paulo Miguel Antunes. Nas férias anteriores, em julho, quase a totalidade dos funcionários ficaram em casa por dez dias. Os recessos foram em março e maio, para 2 mil trabalhadores cada.

 

Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), de janeiro a julho as vendas caíram 21% ante 2014. Nesse período foram demitidos 8,8 mil trabalhadores. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva e Leonardo Augusto)