O Estado de S. Paulo
A Mercedes-Benz informou oficialmente nesta sextafeira (7) ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC que iniciará demissões na fábrica de São Bernardo do Campo (SP) a partir de 1º de setembro.
A empresa alega ter 2 mil trabalhadores excedentes, mas disse que o número de cortes vai depender da quantidade de funcionários que aderirem ao programa de demissão voluntária (PDV), que se encerra na próxima sextafeira.
A empresa afirmou que opera com 40% de ociosidade e esgotou todas as medidas de flexibilização para continuar gerenciando o excedente de pessoal. A empresa colocou como alternativa aos cortes a adesão ao Programa de Proteção ao Emprego (PPE), combinado com reajustes salariais reduzidos para 2016.
Como um programa de corte de jornada e salário apresentado pela montadora no início de julho já foi rejeitado pelos trabalhadores, o diretor do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e secretáriogeral da CUT, Sérgio Nobre, disse que, por princípio, a proposta não será reapresentada aos funcionários.
“O que nos resta é ir à luta, fazer greve, pois não aceitaremos demissões”, disse Nobre. A fabricante de caminhões e ônibus emprega 10 mil pessoas na unidade do ABC e recentemente demitiu 500 operários, parte deles por meio de PDV. Desde esta sextafeira, cerca de 7 mil trabalhadores estão em licença remunerada até o dia 21.
“As vendas continuam muito fracas e não há nenhuma previsão de recuperação”, diz o diretor de Comunicação e Relações Institucionais da Mercedes, Luiz Carlos de Moraes.
Segundo Moraes, a proposta que seria apresentada aos trabalhadores é a redução da jornada e dos salários em 30% por um ano, sendo que 15% do corte salarial seriam bancados pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).
A nova oferta é pior do que aquela recusada por 74% dos trabalhadores, que previa redução de 20% da jornada e de 10% dos salários. Estabelecia também a aplicação reduzida da inflação na data base de 2016 e outras ações de contenção de custos, como menor Participação nos Lucros e Resultados (PLR).
A adesão ao PPE daria garantia de emprego durante sua duração e por mais um terço do tempo de cortes. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)