O Estado de S. Paulo
O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan, afirmou nesta quintafeira, 6, que o melhor comportamento para o câmbio é aquele que tenha “uma constância”. “Se pensarmos no curto prazo, a alta do dólar pesa demais nos custos de produção, não apenas das montadoras, mas em toda cadeia produtiva. É fator extremamente negativo”, afirmou.
Ele ponderou que no médio e longo prazos “obviamente” o real desvalorizado vai favorecer as exportações. “O dólar que pode verdadeiramente favorecer a indústria é aquele dólar que tem constância, que acompanha os custos sem grande volatilidade”, disse.
No início do ano, a entidade projetava um dólar no patamar de R$ 3,10 para o fechamento de 2015. Segundo Moan, todas as projeções estão sendo refeitas, mas ainda é preciso aguardar alguns desdobramentos da situação econômica atual. “Na verdade, a economia brasileira deteriorou num grau diferente que, não somente a Anfavea, qualquer agente econômico poderia prever no início do ano. Ainda não temos uma nova previsão, precisamos esperar as coisas se acalmarem para poder fazer estimativas”, afirmou.
De acordo com Moan, as estimativas da Anfavea devem ficar em linha com o Focus, do Banco Central. No Boletim mais recente, desta semana, a mediana de câmbio para o fim deste ano passou de R$ 3,25 para R$ 3,35.
Moan também afirmou que indústria automotiva tem um papel de extrema relevância na economia brasileira e que é um “setor que puxa a economia”. “E neste momento estamos puxando a economia para baixo”, reconheceu.
Moan disse que o período atual é “bastante difícil”, mas ressaltou que qualquer economia passa por ciclos. “O momento é difícil, mas é só um momento e vai passar”, disse, destacando que se não houvesse essa expectativa, as empresas do segmento não teriam anunciado novos investimentos na ordem de R$ 8 bilhões recentemente. “Temos uma visão muito além deste momento que estamos vivendo”, afirmou.
Exportações
A Anfavea informou hoje que as exportações em valores de autoveículos e máquinas agrícolas somaram US$ 746,9 milhões em julho, queda de 25,7% na comparação com junho e recuo de 24,7% ante o mesmo mês do ano passado. Com o resultado, as vendas externas acumulam recuo de 10% no acumulado do ano até julho.
No sétimo mês deste ano, foram exportadas 28.296 unidades de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, queda de 40,7% na comparação com junho e retração de 17,6% ante o mesmo mês do ano passado. Apesar das reduções, no ano, as exportações em unidades acumulam alta de 10,7% ante igual período de 2014. (O Estado de S. Paulo/Carla Araújo e Clarice Couto)