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Quando apresentou em 2008 sua estratégia mundial de fabricar os mesmos produtos em todos os países em que possui fábricas, a Ford arrebanhou alguns céticos. Sete anos depois, o objetivo foi alcançado, inclusive no Brasil, com a chegada, intercalados de um mês, dos novos Focus hatch e sedã vindos da Argentina.
Claro que não se trata de rigidez absoluta, afinal pode haver uma ou outra exceção, como o Escort chinês, além de leves adaptações locais. Sob esse prisma, a empresa é a primeira entre as chamadas “quatro grandes” (junto com Chevrolet, Fiat e Volkswagen) a alcançar esse objetivo. A GM está mais próxima do padrão, mas, ao se comparar sua linha atual com a europeia, por exemplo, as diferenças são evidentes. Há clara divergência entre as duas empresas sobre o melhor caminho, mas o consumidor é soberano para decidir.
Os Focus reestilizados chegam menos de dois anos depois da terceira, por isso foram oferecidas algumas vantagens para consumidores recentes, como um desconto de 15% na compra do novo modelo, mas limitado a lotes, o que causou ruídos de comunicação.
Numa inesperada estratégia, a Ford mudou o nome da versão sedã para Fastback, que tem estilo, de fato, convincente. Isso em razão do encolhimento da participação dos hatches médios-compactos, nos últimos tempos, como reflexo dos avanços dos próprios sedãs e dos SUVs/crossovers compactos. O sedã representa, hoje, pouco mais de um terço das vendas do Focus e, para alterar esse cenário, a Ford apostou no preço: são apenas R$ 1.000 de diferença para as quatro versões equivalentes: R$ 79.900 a R$ 96.900. Apenas o Fastback terá revisões grátis por três anos para os primeiros dois mil compradores de varejo.
Em termos reais, no entanto, os Focus ficaram mais baratos por agregar novos equipamentos pelo mesmo preço. A relação é bem extensa e inclui rodas de liga leve de 17 polegadas, limitador de velocidade, ar-condicional digital de duas zonas e controle do câmbio automatizado de duas embreagens por borboletas no volante. Versão de topo Titanium Plus traz assistente de estacionamento para vagas paralelas e perpendiculares, faróis bixenônio adaptativos, câmera de ré e sistema multimídia com tela tátil de 8 polegadas com navegador e comando por voz, entre outros destaques, como teto solar.
O modelo se destaca também nos requisitos de segurança ativa. Inclui uma evolução do controle eletrônico de estabilidade, além do de torque diferenciado em curvas. Em segurança passiva, conta com seis bolsas de ar e ganhou cinco estrelas no Latin NCAP. Destaque na versão superior para o assistente de frenagem autônomo que mira em placas e lanternas dos veículos à frente para evitar acidente (até 20 km/h) ou diminuir os estragos (até 50 km/h). O seguro, neste caso, diminuiu de preço.
Dinamicamente o Focus também evoluiu. Assistência à direção melhorada, suspensões de respostas sempre previsíveis e silenciosas, bons freios, além de suavidade e rapidez nas trocas de marchas. Motor 2.0 de 178 cv está 8% mais econômico com etanol e 4% com gasolina, só perdendo para o do Jetta TSI (turbo). Acabamentos e materiais de ótimo nível, mas espaço para pernas no banco traseiro perde para a maioria dos seus 12 concorrentes diretos. (UOL Carros/Fernando Calmon)