Folha de S. Paulo
Com estoques altos, consumo em queda e baixa confiança dos empresários, a produção industrial do país recuou 6,3% no primeiro semestre deste ano, informou o IBGE ontem. Em junho, a queda foi de 0,3% em relação a maio.
A principal influência negativa veio da indústria de veículos automotores, reboques e carrocerias, que teve queda de 20,7% no primeiro semestre comparado com o mesmo período do ano anterior.
Ela faz parte do setor que produz bens duráveis (que também inclui eletrodomésticos), que teve uma queda total de 14,6% no primeiro semestre. A área sofre porque é sensível à taxa de juros e ao crédito, mas não está sozinha: todas as quatro grandes categorias econômicas pesquisadas pelo IBGE tiveram queda na produção.
Dos ramos acompanhados, 24 dos 26 tiveram perdas, assim como 70,1% dos 805 produtos pesquisados, o que contribuiu para que esses fossem os piores seis primeiros meses do ano desde 2009 (13%), quando o setor ainda sentia os efeitos da crise hipotecária de alto risco iniciada nos Estados Unidos.
A categoria de bens de capital – que produz máquinas para indústrias, agricultura – teve queda de 20% no primeiro semestre deste ano.
Também tiveram forte impacto na queda da indústria os segmentos de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (27,8%), derivados de petróleo (6,3%) e máquinas e equipamentos (11,3%).
Tendência de queda
Em junho, a produção industrial recuou 0,3% na comparação com o mês anterior. Com o resultado, fica confirmada a tendência de retração após uma surpreendente alta de 0,6% em maio, frente a abril, puxada por fabricação de equipamentos de transporte e derivados de petróleo.
“Mesmo no mês em que houve alta de 0,6% havia a leitura de que a tendência era negativa. Até porque não era suficiente para eliminar perdas anteriores. A entrada de mais uma resultado negativo mantém a leitura que já observávamos”, disse André Macedo, Quando comparado ao mesmo mês do ano passado, a queda da indústria em junho foi de 3,2%. Foi a 16º queda consecutiva da produção industrial brasileira na comparação ao mesmo mês do ano anterior.
Apesar disso, o resultado veio um pouco melhor que o esperado. Os economistas consultados pela agência Bloomberg esperavam, em média, recuo de 0,7% em junho sobre o mês anterior. E tivesse queda de 5% frente ao mesmo mês de 2014.
No acumulado dos últimos 12 meses até junho, a produção teve queda de 5%, desacelerando em relação ao acumulado em maio (5,3%) e interrompendo a trajetória iniciada em março de 2014. (Folha de S. Paulo/Bruno Villas Bôas)