O Estado de S. Paulo
A indústria automobilística teve o pior mês de julho desde 2007, com vendas de 227,6 mil veículos novos. Na comparação com julho do ano passado, a queda foi de 22,8%.
No ano, o setor acumula queda de 21%, com um total de 1,546 milhão de unidades vendidas, incluindo caminhões e ônibus. Desde o início da desaceleração do mercado, em 2013 – quando as vendas caíram 0,9% ante o ano anterior, depois de nove anos seguidos de crescimento -, o setor recuou 30%.
Na comparação com junho, os negócios tiveram alta de 7%. Mas junho teve dois dias úteis a mais. Na média das vendas diárias houve queda de 2,2%.
No início do ano, havia uma expectativa da indústria automobilística de melhora no segundo semestre, mas isso não está se confirmando. Ainda assim, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) espera que o ano feche com vendas 17,8% menores em relação a 2014.
“Não há nenhum fator, até agora, que possa reverter o cenário”, disse o economista Rodrigo Nishida, da LCA Consultores. “O consumidor segue pessimista; o mercado de trabalho piorou acima do que se esperava e isso influencia as vendas do setor.”
Nishida disse que nem medidas de incentivo ao consumo, como o programa que dá descontos especiais aos consorciados que têm carta de crédito mas, ainda não efetivou a compra, e o feirão da Caixa surtiram efeito. Ele só espera uma pequena melhora no fim do ano, por questões sazonais, mas ainda assim projeta queda de 24% no ano todo para o segmento de automóveis e comerciais leves.
O presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), Alarico Assumpção Júnior, concorda que o aumento de julho em relação a junho foi motivado apenas pelo maior número de dias úteis. “O mês de julho contou com 23 dias úteis contra 21 dias no mês anterior.”
Por isso, disse Assunção, a entidade mantém projeções que apontam queda de 20% para o setor em 2015. Em todo o ano passado a indústria vendeu 3,498 milhões de veículos, 7,1% menos do que no ano anterior.
Chery
Por causa do fraco desempenho das vendas, as montadoras seguem adotando medidas de corte de produção. Ontem foi a vez da chinesa Chery, com fábrica em Jacareí (SP), anunciar a paralisação da linha de montagem do Celer entre os dias 17 e 5 de setembro. Nesse período, 200 trabalhadores terão férias coletivas.
Na sexta-feira, a Mercedes-Benz informou que dará licença remunerada aos 7 mil trabalhadores da produção na fábrica de caminhões e ônibus de São Bernardo do Campo (SP) de 7 a 21 deste mês. Também afirmou que estuda demissões a partir de setembro. A empresa alega ter 2 mil trabalhadores excedentes, de um total de 10 mil.
Só o segmento de caminhões registrou queda de 46,6% em julho ante igual mês de 2014, para 6,5 mil unidades. No acumulado do ano a queda é de 43%, com 43,8 mil unidades vendidas. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)