O Estado de S. Paulo
Na contramão do que ocorre nas grandes montadoras, que estão dispensando trabalhadores, a Toyota anunciou nesta quinta-feira, 30, a contratação de 500 funcionários para as fábricas de São Paulo, o equivalente a quase 10% de toda sua mão de obra, de 5,2 mil funcionários.
Desse grupo, 320 vão para a fábrica de Sorocaba, onde é produzido o compacto Etios, e os demais para a unidade de motores em Porto Feliz, que será inaugurada na metade de 2016.
A fábrica de Sorocaba tem capacidade para 74 mil veículos ao ano e opera com duas horas extras de trabalho por dia. Com investimentos em ampliação de maquinários e as novas contratações, esse número subirá para 108 mil, informa Ricardo Bastos, gerente-geral de relações governamentais. A unidade, inaugurada em 2012, emprega 1,7 mil pessoas.
Neste ano, até junho, a indústria automobilística demitiu 7,6 mil trabalhadores. A maioria das fábricas opera com produção reduzida e as empresas frequentemente anunciam férias coletivas, programas de demissão voluntária e lay-off (suspensão de contratos). Atualmente, há 7 mil operários em lay-off.
As vendas do mercado de automóveis e comerciais leves caíram quase 20% no primeiro semestre, para 1,271 milhão de unidades. Entre as fabricantes locais, apenas três registraram resultados positivos.
As japonesas Toyota e Honda cresceram 3% e 18%, respectivamente, e a alemã BMW teve alta de 1,75%, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). A Toyota vendeu 86,9 mil veículos. Além de Sorocaba, o grupo tem fábrica em Indaiatuba, na região de Campinas, onde produz o sedã Corolla. Essa unidade também opera com duas horas extras diárias, além de sábados alternados. Outra fábrica fica em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, voltada à produção de componentes.
“Os resultados são fruto de lançamentos de produtos com boa aceitação no mercado, qualidade e constante trabalho de redução de custos”, diz Bastos.
A Honda vendeu 73,2 mil veículos até junho, 18,8% mais que em 2014 e também opera diariamente com 1h15 de hora extra na fábrica de Sumaré (SP). A unidade produz os modelos Fit, City, Civic e HR-V – que tem fila de espera de até cinco meses.
O grupo vai inaugurar uma nova fábrica no fim deste ano, inicialmente para montagem do Fit, e sua capacidade produtiva vai dobrar de 120 mil para 240 mil unidades ao ano.
Nesta semana, outra boa notícia do setor automotivo veio da General Motors, que anunciou a duplicação de investimentos no País, de R$ 6,5 bilhões para US$ 13 bilhões nos próximos quatro anos. O dinheiro não vai para o aumento de capacidade, mas para o desenvolvimento de seis novos veículos que serão lançados a partir de 2019.
Julho
O mercado nacional segue em declínio. Em julho, foram vendidos 203,4 mil veículos até quinta-feira, queda de 26,7% ante julho de 2014 e de 4,3% ante junho. No ano, a queda acumulada chega a 21,5%. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)