O Estado de S. Paulo
Você mantém atualizado o software de segurança do seu carro? Esse tipo de antivírus ainda não existe, mas pode se tornar realidade em breve, já que os automóveis tornaram-se sujeitos a ataques via internet.
O repórter Andy Greenberg, da revista Wired, publicou uma reportagem em que relata como serviu de cobaia para que dois hackers, Charlie Miller e Chris Valasek, demonstrassem vulnerabilidades de um Jeep Cherokee. Ele dirigiu o carro por uma estrada de St. Louis, nos Estados Unidos, enquanto Miller e Valasek tomavam o controle dele, numa casa a 16 quilômetros de distância, por meio da rede celular.
No começo, o ataque não parecia grande coisa. Os hackers ligaram o ar-condicionado no máximo, tomaram colocaram o rádio numa estação de hip-hop no último volume e acionaram os limpadores de para-brisa. Greenberg só ficou assustado quando os Miller e Valasek desligaram a transmissão do carro, que foi perdendo velocidade até parar. Depois de conseguir ligar o veículo de novo, o jornalista teve uma demonstração de como é possível desabilitar os freios remotamente, e o jipe acabou preso numa vala próxima da pista.
O carro conectado é a grande aposta atual da indústria automobilística. Mas a integração à internet cria riscos que não existiam antes. Nos EUA, os carros da Chrysler têm um sistema chamado Uconnect, que controla os dispositivos de entretenimento e usa um chip da operadora Sprint. Os dois hackers conectaram um celular da Sprint ao notebook e conseguiram, remotamente, modificar o software do Uconnect do jipe, para ganhar acesso, via sistema de entretenimento, a componentes físicos como motor e volante. Na sexta-feira, a Fiat Chrysler anunciou um recall de 1,4 milhão de veículos para corrigir a vulnerabilidade. Os carros da montadora no Brasil não estão sujeitos à falha.
O desenvolvimento de carros autônomos, que não precisam de motorista, faz com que a segurança digital ganhe relevância ainda maior. Veículos, edifícios, eletrodomésticos e máquinas industriais estão cada vez mais conectados. Essa tendência traz eficiência e conforto, mas também abre espaço para ataques remotos, que devem ser objeto de atenção de pessoas, empresas e governos.
Criminosos virtuais podem atacar a linha de produção de uma indústria, fazendo, por exemplo, com que máquinas sofram superaquecimento sem que isso apareça nos mostradores de temperatura. Ou podem fazer com que um avião perca altitude sem que a tripulação perceba. Ou que as turbinas de uma hidrelétrica sejam danificadas e saiam de operação.
Até pouco tempo atrás, ataques virtuais serviam para roubar informações, desviar dinheiro ou tirar sistemas do ar. Agora, conseguem causar danos físicos reais.
Cidade inteligente
A Sonda, integradora chilena de tecnologia da informação, resolveu apostar no mercado brasileiro de cidades inteligentes. Por aqui, ela já tem um projeto de smart grid (rede elétrica inteligente), com a Elektro, em São Luiz do Paraitinga (SP), em que instalou medidores digitais nas casas de 5,5 mil pessoas. No Chile, é responsável pelo sistema Transantiago, que integra meios de pagamento e faz gestão de frotas de transporte público. No Uruguai, desenvolveu o projeto Cidade Segura, com a instalação de câmeras de vídeo em Montevidéu e análise de imagens por software.
Avaliação
A Trusted Company acaba de abrir um escritório em São Paulo. Fundada na Malásia, a empresa, que começou a atuar no Brasil no ano passado, permite que sites de comércio eletrônico recebam avaliações de consumidores. (O Estado de S. Paulo/Renato cruz)