Produção e venda de veículos além do esperado

O Estado de S. Paulo

 

Até a associação das montadoras (Anfavea) se surpreendeu com o comportamento das vendas de veículos em agosto, que alcançaram 216,5 mil unidades, com crescimento de 17,2% em relação a julho e de 17,8% em relação a agosto do ano passado. O resultado favorável justificou a revisão de 4% para 7,3% da projeção de alta dos licenciamentos neste ano. Mas, ainda mais importante, não se deve afastar a hipótese de que a recuperação ganhe mais força em 2017.

 

É o que sugerem os indicadores da produção, que atingiu 260,3 mil veículos no mês passado, 15,4% mais do que a de julho. Entre os primeiros oito meses de 2016 e 2017, a fabricação de unidades cresceu 25,5%, para 1,74 milhão de veículos. E, nos últimos 12 meses, alcançou 2,51 milhões de unidades, 20,1% mais do que nos 12 meses anteriores. A exportação crescente de veículos ajuda a explicar o ritmo da produção.

 

Se o número de unidades produzidas neste ano alcançar os 2,7 milhões previstos, o volume superará o de 2015 (2,4 milhões) e corresponderá a 85% do número de autoveículos fabricados em 2014, período muito favorável para o setor automobilístico.

 

Os indicadores da Anfavea confirmam a retomada do setor secundário da economia. O Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) chamou a atenção para o fato de que a recuperação da indústria tende a se generalizar, puxada pelo segmento de bens duráveis de consumo, com alta de 2,7% entre julho de 2016 e julho de 2017, como revelaram os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

 

Outros fatos justificam um retorno do otimismo no setor. Primeiro, a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) informou que as transações de veículos usados (automóveis, comerciais leves, caminhões, ônibus, motocicletas, implementos rodoviários e outros) cresceram 8,79% entre julho e agosto. A demanda de usados se reflete sobre o comércio de veículos novos. O segundo é o impacto da queda da inflação sobre a renda dos trabalhadores, que voltam ao mercado de consumo, influenciando os juros. O custo médio dos juros cobrados pelos bancos na aquisição de veículos, de 23,8% em julho, tende a cair mais do que os 2,2 pontos já verificados entre julho de 2016 e julho de 2017. Novas quedas facilitarão muito o consumo de duráveis, como veículos. (O Estado de S. Paulo)