Vendas de carros têm pior primeiro bimestre em 11 anos

O Estado de S. Paulo

 

As vendas de veículos novos no País registraram os piores resultados para o mês de fevereiro e o pior primeiro bimestre em 11 anos. Com apenas 135,7 mil unidades licenciadas, foi também o menor volume mensal desde abril de 2006, quando atingiu 131,1 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus.

 

Foram vendidos em janeiro e fevereiro 282,8 mil veículos, 6,36% a menos em relação ao primeiro bimestre do ano passado. O setor não registrava bimestre tão fraco desde 2006, quando comercializou 260,7 mil unidades, segundo dados divulgados ontem pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).

 

O fraco desempenho nesse início de ano levou as montadoras General Motors, Ford e Volkswagen a darem férias coletivas de até um mês ou a esticarem a folga do carnaval por pelo menos uma semana.

 

Em relação a fevereiro do ano passado, as vendas caíram 7,59%. Frente a janeiro, houve queda de 7,84%. Nesse caso, a comparação é distorcida pelo calendário comercialmente mais curto em razão do feriado de carnaval.

 

Apenas no segmento de carros de passeio e comerciais leves, 132,4 mil unidades foram vendidas no mês passado, recuo de 6,82% na comparação anual. Em relação a janeiro, a queda foi de 7,77%.

 

Na média, as concessionárias venderam 7,4 mil carros a cada dia que abriram as portas, 830 a mais do que elas entregaram a cada dia útil de janeiro. Contudo, para efeito de comparação, três anos atrás, a média diária passava de 12 mil.

 

Ao comentar, em nota, o resultado do mercado automobilístico, o presidente da Fenabrave, Alarico Assumpção Júnior, destacou o aumento de 12,7% na média diária das vendas de carros na passagem de janeiro para fevereiro.

 

Segundo ele, o resultado do mês passado seria diferente não fossem os quatro dias úteis a menos – retirados não apenas por fevereiro ser um mês mais curto, mas também em razão do feriado de carnaval.

 

Termômetro da atividade econômica, as vendas de caminhões também não param de encolher, marcando, no mês passado, queda de 31,68% na comparação com fevereiro de 2016. Ante janeiro, os emplacamentos de 2,6 mil caminhões recuaram 11,19%, fazendo com que o

 

Andando para trás segmento encerrasse o primeiro bimestre com 5,6 mil unidades licenciadas, queda de 32%.

 

As vendas de ônibus, de 647 unidades em fevereiro, recuaram 27,38% na comparação com igual período do ano passado e 8,49% em relação a janeiro. Nos dois primeiros meses do ano, 1,4 mil coletivos foram vendidos, 36,88% abaixo dos números do primeiro bimestre do ano passado.

 

Previsões

 

Na expectativa de uma recuperação – que, segundo a entidade, deve vir com maior intensidade no segundo semestre –, a Fenabrave manteve a perspectiva de crescimento das vendas em 2017.

 

Suas projeções apontam para aumento de 2% nos emplacamentos de carros de passeio e utilitários leves. No mercado de caminhões, a expectativa é de crescimento de 2,8%, enquanto para o segmento de ônibus a previsão é de alta de 4,4%.

 

Na terça-feira, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) divulgará dados de produção, exportações e empregos do primeiro bimestre. (O Estado de S. Paulo/Eduardo Laguna)