A Dana conquistou de maneira inédita o Prêmio de Sustentabilidade no Suppliers Excellence Awards, concedido pela CNH Industrial, do Grupo Fiat, aos seus parceiros e fornecedores, com um de seus projetos ambientais, o de Zero Efuentes, desenvolvido em seu complexo industrial de Gravataí (RS). A edição deste ano do Suppliers Excellence Awards da CNH Industrial premiou, em 12 diferentes categorias, os fornecedores que se destacaram no ano de 2017. Para reconhecer as atitudes sustentáveis de seus parceiros, também teve uma premiação especial relacionada à Sustentabilidade, que homenageou os fornecedores com maior destaque na implementação de projetos voltados para os temas Ambientais e de Responsabilidade Social, como a Dana.
O projeto. Ao contrário de outras regiões do país, no Rio Grande do Sul cabem à indústria, e não ao Estado, a destinação e o tratamento dos efluentes, ricos em Nitrogênio Amoniacal. O Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema) estabelece como padrão a concentração máxima de 20 mg/l de Nitrogênio Amoniacal para qualquer efluente a ser lançado, independentemente da vazão. Na Dana, embora na média a meta fosse atendida, em eventuais condições isso poderia não ocorrer, por se tratar de um processo biológico. A alta concentração de Nitrogênio Amoniacal contribui para o crescimento excessivo de vegetação, causando a mortandade de peixes e outros seres vivos e, no longo prazo, pode provocar até a extinção do curso d’água. Para evitar esse risco, a Dana adotou uma abordagem inédita do processo de tratamento de seu efluente no Complexo Industrial em Gravataí, composto por 60% de efluente cloacal e 40% industrial.
A análise da composição do efluente tratado identificou, além do Nitrogênio Amoniacal, níveis legalmente aceitáveis de Fósforo e Potássio, elementos presentes nos principais fertilizantes comercializados, e foi a base do Projeto Zero Efluente que, além de atender às premissas internas de sustentabilidade, se ajusta à legislação. A iniciativa propõe novo enfoque para a solução do que é visto tradicionalmente como um problema – o lançamento de esgoto nos cursos d’água –, sendo inovadora em sua concepção e altamente requintada em seus controles e indicadores de gestão.
Como funciona. O Projeto Zero Efluentes consiste na aplicação de efluente líquido tratado em solo para abatimento dos compostos presentes pós-tratamento terciário, tais como Nitrogênio e Fósforo, que servem de adubo para a vegetação. O processo de fertirrigação evita o lançamento de água tratada no Rio Gravataí, reduzindo os impactos adversos no corpo receptor, e colabora com a renovação do aquífero profundo.
O Projeto Zero Efluentes da Dana obteve licenciamento da Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luiz Roessler (FEPAM), órgão regulador ambiental do Estado do Rio Grande do Sul. O volume de resíduos licenciado é de 100 m³/dia, ou 100 mil litros/dia. Ou seja, o volume tratado em apenas um dia pelo Projeto Zero Efluentes equivale ao consumo de água tratada de quatro famílias ao longo de um mês. De acordo com dados mundiais, o consumo médio de água tratada e encanada em uma residência com quatro pessoas é estimado em aproximadamente 22m³.
Inicialmente, foram projetados quatro módulos para aplicação do efluente, subdivididos em nove áreas entre 0,17 e 0,34 hectares. As características do solo e o tipo de cultura, bem como a capacidade de adsorção, foram avaliadas individualmente para evitar o escoamento superficial, o que poderia provocar erosão.
O processo de fertirrigação das nove áreas é gerenciado por um Controlador Lógico Programável (CLP), geralmente utilizado para comandar e monitorar máquinas ou processos industriais. Softwares desenvolvidos pela própria Dana permitem ao CLP administrar todas as etapas, programando o volume de efluente tratado máximo diário para cada módulo, de acordo com os volumes licenciados. Um detector de umidade interrompe o processo em caso de chuva, evitando o escoamento superficial do solo, e eventual ocorrência de erosão.
Desde o lançamento do projeto não houve aumento ou inclusão de mais áreas, portanto, as análises de solo produzidas no projeto inicial são válidas para avaliação e monitoramento da atividade de fertirrigação. O efluente é aplicado ao solo por meio de um sistema de aspersão em cada um dos módulos com diferentes áreas. Antes de ser lançado ao solo, o efluente bruto (industrial e cloacal) recebe tratamento, que consiste na oxidação da matéria orgânica complexa por meio de micro-organismos, que utilizam a carga poluidora existente nos esgotos como substrato (alimento).
Utiliza-se a tecnologia skid para tratamento de águas residuárias domésticas/industriais, baseada na tecnologia de leitos móveis, na qual os micro-organismos crescem fixados em um meio suporte móvel, formando um biofilme de intensa atividade biológica, alto tempo de retenção celular e alta concentração de biossólidos (lodo originado em estação de tratamento de esgoto sanitário), com grande remoção de carga orgânica e carga nitrogenada. O tratamento é contínuo e ocorre em meio aeróbio (com presença de oxigênio). O lodo, resíduo sólido resultante do processo, tem como destino, previsto na legislação, a ETE.
O Projeto Zero Efluentes foi implementado em 12 etapas e teve a participação de diversos setores da Dana, além de empresas para ações específicas e a FEPAM, órgão responsável pelo licenciamento ambiental no Rio Grande do Sul que apoia e estimula todas as iniciativas que visem à melhoria da qualidade ambiental e o uso sustentável dos recursos naturais, como o reuso de efluentes, que vem crescendo no mundo inteiro. Segundo a instituição, a utilização de efluente tratado na fertirrigação de culturas agrícolas é uma forma de uso sustentável dos recursos naturais e uma alternativa, entre outras, que deve ser analisada pelas empresas.