Embora a gasolina, etanol e diesel ainda liderem o mercado de combustíveis, o gás natural veicular (GNV) também desperta a atenção das montadoras. Segundo a Associação Internacional dos Veículos de Gás Natural, cerca de 16 milhões de veículos no mundo já usam esse combustível, número que deve chegar a 40 milhões até 2023.
A grande vantagem do GNV estaria no benefício ambiental: o gás natural emite 15% menos gás poluentes do que o etanol e 20% a menos que a gasolina. Além disso, não é tóxico: se escapar para o ambiente, não contamina o solo nem os recursos hídricos. Outra vantagem é o preço, significativamente inferior aos demais combustíveis, o que o torna interessante para veículos que rodam muito, como táxis, veículos de frota e pesados. Com ele, os custos de manutenção também diminuem: como o gás natural queima mais limpo do que a gasolina, gera menos resíduos, aumentando os intervalos de troca de óleo, entre outras vantagens.
A produção doméstica também é citada como benefício do GNV, já que fontes energéticas próprias garantem maior controle sobre a disponibilidade e preço do combustível. Em 2013, Irã, Paquistão, Argentina, Brasil e China tinham o maior número de GNVs rodando, sendo que quatro desses países também estavam entre os 25 maiores produtores de gás natural.
Todos os dados acima indicam que o GNV é um combustível alternativo promissor. Entretanto, também existem fatos a ponderar. Veículos movidos a GNV perdem, em média, 4% da potência, além do espaço no porta-malas. Dependendo do país, o custo de instalação desse kit é alto e se paga somente após cerca de 8 mil quilômetros rodados. No Brasil, por exemplo, o investimento já compensa para táxis e carros de frota, que recuperam o investimento em cerca de um ano, mas a alta no preço dos combustíveis vem estimulando outros motoristas à conversão: dirigir um carro movido a GNV no Rio ou São Paulo chega a ser 50% mais econômico do que a gasolina ou etanol, segundo pesquisa Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás), o que prova que o GNV já se tornou uma matriz energética viável.
Outra preocupação é que a autonomia de combustível dos GNVs é mais baixa do que a da gasolina. Além da capacidade energética do gás ser mais baixa, a maioria dos motores não foram projetados para tirar proveito da octanagem mais alta em comparação à gasolina ou diesel. A solução seria o emprego de tanques de combustível maiores e, consequentemente, mais pesados, podendo representar um problema para veículos de frota que já rodam com capacidade de carga máxima e para veículos leves, pois ocupam muito espaço no porta-malas. A solução poderia se dar com o uso do gás natural adsorvido (GNA), que tem densidade inferior e exige tanques de combustível menores, garantindo, em tese o dobro da autonomia. A eficiência dos motores construídos para esse tipo de gás será equivalente ou maior que os motores a gasolina, podendo se comparar ao movido a diesel.