Shark não será a única picape da BYD no Brasil

AutoIndústria

 

A BYD elegeu o campo para porta de entrada da marca no agitado mercado brasileiro de picapes médias. Para oficializar, no sábado, 19, o início das vendas e o preço de R$ 379.800,00 da Shark, modelo híbrido plug-in, a empresa escolheu Goiânia e Goiás, cidade e estado conhecidos pela economia dominada pelo agronegócio e um dos maiores polos consumidores de picapes do País.

 

A estratégia de começar pelo segmento que concentra a maior parte das vendas de picapes médias e grandes sinaliza a disposição e ambições da BYD, que recorrentemente enfatiza que não será mera coadjuvante e projeta estar entre as cinco montadoras que mais vendem no Brasil até 2027.

 

À Shark cumprirá o papel de ponta do iceberg no segmento de comerciais leves de carga.

 

Executivo da montadora confidenciou que a marca oferecerá modelos maiores e menores do que a Shark em futuro não tão distante.

 

Outras “caçambas importadas”, portanto, também carregarão a missão de fazer a participação da BYD bem mais relevante no segmento que já vendeu mais 100 mil veículos de janeiro a setembro, alvo de vários lançamentos recentes, inclusive de marcas que jamais tiveram representantes, como a Fiat com a Titano e as também chinesas Foton Tunland e JAC Hunter.

 

Em sua única versão, além do motor elétrico, a Shark tem outro a gasolina e pode carregar somente 790 quilos, características técnicas que devem pesar contra para quem precisa, de fato, de um veículo para o trabalho no campo, mesmo que não tão pesado.

 

Do outro lado, é verdade, contarão a favor o acabamento e lista de itens de conforto, tecnologias de segurança e condução, potência de 437 cavalos, tração integral, estilo, porte e comportamento dinâmico que a aproximam de um confortável carro de passeio.

 

O preço também tende a ser um fator limitador de vendas. A Toyota Hilux, histórica líder do segmento de picapes de 1 tonelada de carga, tem versões de cabine dupla a partir de R$ 244 mil até os R$ 333 mil pedidos pela topo da linha SRX, 13% mais barata do que a Shark.

 

Ainda assim, Henrique Antunes, diretor comercial da BYD, aposta que algo como 70% das vendas da nova picape deverão ter origem em localidades e consumidores ligados ao agronegócio. “O potencial de mercado de picapes nesse segmento é muito grande”, assinala o executivo.

 

Antunes calcula que deve negociar entre 1 mil a 1,5 mil unidades por mês do modelo trazido da China e que já recolhe 35% de imposto de importação, tarifa prevista para os demais veículos importados somente em 2026.

 

Do primeiro lote de 1,5 mil picapes oferecidas na pré-venda desde o começo de outubro, cerca 1 mil unidades já teriam sido reservadas por clientes que somente neste sábado souberam do valor final. Algumas por empresas, como a gigante da mineração Vale ou o frigorífico JBS.

 

Antunes e equipe sabem das dificuldades que enfrentarão para concorrer com produtos consagrados no campo como a própria Hilux, Ford Ranger e Chevrolet S10, nessa ordem as três picapes médias mais vendidas no mercado interno.

 

A Hilux já tem 36,9 mil licenciamentos em nove meses de 2024, contra 21,1 mil da Ranger e 19 mil do modelo da Chevrolet. Confirmada a projetada média mensal acima de 1 mil unidades, a Shark se credenciaria à honrosa quarta colocação na categoria, à frente de modelos tradicionais como Mitsubishi L200 e Nissan Frontier.

 

A provável produção local da Shark ainda não foi confirmada oficialmente. A fábrica de Camaçari, BA, começará a produzir pré-séries de seus automóveis talvez ainda em 2024 e ingressar em regime comercial no transcorrer do primeiro semestre de 2025.

 

Já nas concessionárias, a picape híbrida terá mesmo relevância maior nos licenciamentos da marca a partir de janeiro. Apesar disso, a BYD já tem muito o que comemorar com a linha de uma dúzia de modelos oferecidos no País, metade deles lançada este ano.

 

De janeiro a setembro, a marca contabiliza 51,3 mil licenciamentos e se consolidou como a 10ª mais negociada.

 

“Isso porque não tínhamos uma picape”, enfatiza Antunes, que reafirma sua projeção de que a BYD pode vender algo próximo de 100 mil veículos em 2024. “Já nos aproximaremos de 60 mil em outubro”, afirma. (AutoIndústria/George Guimarães)