Setor de serviços cai 0,4% em agosto, pior resultado no mês desde 2017, diz IBGE

O Estado de S. Paulo

 

O volume de serviços prestados no País teve recuo de 0,4% em agosto ante julho, o mais agudo para esse período do ano desde 2017. Os dados são da Pesquisa Mensal de Serviços divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

 

Além disso, houve revisão de resultados anteriores. O volume de serviços prestados em julho saiu de uma alta de 1,2% para elevação de 0,2%, e a taxa de junho passou de aumento de 1,7% para avanço de 1,4%. Porém, houve melhora em taxas mais antigas.

 

A forte revisão na série histórica da pesquisa com ajuste sazonal se deve à incorporação de informações retroativas fornecidas por uma grande empresa de agenciamento de espaços de publicidade, que é informante da pesquisa. No mês de julho, a empresa reportou ao IBGE que estava comunicando suas receitas subestimadas, o que elevou o resultado daquele mês. Em agosto, o IBGE acessou e incorporou as informações retroativas da receita da empresa à série histórica desde agosto de 2023, levando a revisões também nos meses anteriores.

 

“Olhando para o passado, a revisão da série histórica da pesquisa, com a incorporação das novas informações, parece sugerir que o setor de serviços estava mais aquecido no final do ano passado e no primeiro semestre deste ano. Talvez essa dinâmica acarrete revisões nos números do PIB (Produto Interno Bruto) para o mesmo período”, avaliou Luis Otávio Leal, economista-chefe da gestora de recursos G5 Partners, em relatório. “No que tange ao futuro, o indicador corrobora a ideia, de maneira incipiente, de que a atividade econômica brasileira pode se acomodar um pouco no segundo semestre do ano. A política monetária cada vez mais contracionista e a redução do impulso fiscal jogam a favor dessa percepção”, completou.

 

Varejo

 

Para Gustavo Cruz, estrategista-chefe da gestora RB Investimentos, o setor de serviços deve encerrar o ano com crescimento próximo ao do PIB brasileiro, com alta em torno de 3%. “O destaque do ano deverá ser o varejo, o que faz sentido. Em 2020 e 2021, o consumo de bens de varejo foi elevado, já que as pessoas estavam em casa devido à pandemia. Em 2022 e 2023, com a retomada das atividades, o foco mudou para o consumo de serviços. Agora, em 2024, o mercado parece encontrar um equilíbrio, voltando a níveis mais próximos do período pré-pandemia”, analisou Cruz, em nota. (O Estado de S. Paulo/Daniela Amorim)