Motor 1
Duvido você passar um dia sem ver ao menos um BYD Song Plus nas ruas. O SUV híbrido se tornou um queridinho dos points nas grandes cidades, quebrando a bolha de um carro chinês mais caro, e tomou o lugar de carros premium em algumas garagens com a proposta de trazer tecnologia e o conjunto PHEV em um preço mais acessível. Só que tinha defeitos.
Na velocidade de reação dos chineses, o Song Plus 2025 trouxe importantes mudanças. A principal foi a troca da bateria, que vai de 8,3 kWh para 18,3 kWh, aumentando a autonomia elétrica e o quanto ele roda no modo híbrido sem precisar do motor 1.5 aspirado para tracionar um SUV nada leve. Será que isso transformou realmente o que conhecíamos desse BYD?
Entendendo a cultura brasileira
Na China, as reestilizações são frequentes pelo volume de vendas e modelos disponíveis. Só que isso em nosso mercado pode desvalorizar na hora da revenda, algo que o brasileiro se preocupa bastante. A BYD fez pequenas mudanças no Song Plus 2025, mas nada que desvalorize os demais. No visual, só trocaram a forma com que o Song Plus está escrito na tampa traseira.
Por dentro, trocou a tela de 12,8″ pela de 15,6″, ainda giratória, e finalmente recebeu o espelhamento sem fios para Android Auto e Apple CarPlay. No mais, um retrovisor interno fotocrômico e a abertura e partida do carro por NFC, seja em um cartão ou pelo smartphone. Ao menos a marca deu uma atenção maior para as traduções de menus e sistema para o português e outras atualizações no sistema, que o tornou melhor.
Além da bateria maior, o BYD Song Plus 2025 mudou a configuração de potência e torque do conjunto PHEV. O 1.5 aspirado foi de 110 para 105 cv, mas manteve os 13,8 kgfm; enquanto o motor elétrico vai dos 179 cv e 32,2 kgfm para 194 cv e 33,1 kgfm – por outro lado, mantém o combinado em 235 cv e 40,8 kgfm. A capacidade de recarga foi de 3,3 kW para os bons 6,6 kW.
O demais do SUV segue o mesmo. Tem um bom acabamento, com materiais até acima do que encontramos em modelos da mesma faixa, e um pacote de equipamentos de tecnologia bem completo e competente, com piloto automático adaptativo, alerta de colisão com frenagem automática, assistente de faixas e outros itens – e pensar que os recentes lançamentos da marca, King e Song Pro, não possuem isso.
O pouco que muda, muito que melhora
Justamente o conjunto híbrido do Song Plus que era seu grande dilema. Ao mesmo tempo em que atraiu muitos compradores, gerou reclamações em pontos como a autonomia da bateria e em como se comportava quando dependia do 1.5 aspirado para tração, principalmente em rodovias e carregado.
Primeiro, a autonomia elétrica vai aos 110 km, número que permite o uso melhor do SUV sem necessidade de recarga ou do motor a combustão. Faz bem mais sentido que os cerca de 40 km que ele conseguia, principalmente ao lado do seu principal oponente, o GWM Haval H6 PHEV, que ia além dos 100 km principalmente com a chegada do PHEV19 na mesma faixa de preços. Dependendo do uso, você nem precisa recarregar o carro todos os dias, como o meu caso.
Nesse momento, você aproveita melhor o motor elétrico, agora com seus 194 cv e 33,1 kgfm. Sem o 1.5, além do próprio silêncio do elétrico, o isolamento acústico do Song Plus inclui até vidros laterais duplos e muito material sob o capô e nas caixas de rodas. Em uso urbano, é como estar em um carro elétrico – como sempre, recomendamos a compra de um EV ou PHEV se puder ter o carregador em casa ou no trabalho para realmente valer a pena.
Esse motor elétrico, agora mais forte, nem deixa você sentir necessidade do conjunto completo, com seus 235 cv. Em modo Hybrid, o 1.5 só aparece se realmente o acelerador for pressionado com mais vontade, como uma forma de proteger a carga das baterias, já que gera energia para alimentar o motor elétrico e, em poucos momentos, faz o papel de tração em conjunto – só em aceleração quase total.
Se quiser rodar em modo híbrido, não se espante se o 1.5 aparecer pouco e o consumo for de 55,5 km/litro, sempre com a ajuda do motor elétrico. E como a bateria é maior, dá para viajar com maior confiança no conjunto híbrido, com uma média de 24,3 km/litro e a carga rodando mais de 100 km. Tem a opção de travar a carga das baterias, mas o consumo vai ser prejudicado.
Por outro lado, é importante saber usar a programação do conjunto, feito pela central multimídia. De fato, se deixar a bateria muito baixa, o 1.5 aspirado vai ter que se dividir entre gerador e tração, o que vai prejudicar sim o desempenho do SUV que, com a nova bateria, chegou a 1.790 kg, ou 90 kg a mais que o anterior. É um carro bem dependente do PHEV que pode ir de 0 a 100 km/h em 8,5 segundos ou, simplesmente, sofrer para subir uma ladeira na rodovia.
O Song Plus tem a característica suspensão chinesa. Bem voltada ao conforto, peca por repassar algumas batidas ao volante e alguns componentes que reclamam em pisos mais acidentados. Tem rodas de 19″ com pneus 235/50, que compõe bem o visual do SUV médio, mas o visual ainda é um pouco genérico, principalmente na dianteira – o visual aplicado na reestilização que roda no exterior é mais característico da marca.
Em espaço interno, é amplo tanto na frente quanto para os ocupantes traseiros, que ainda recebem as saídas de ar-condicionado. No porta-malas, 574 litros, mas não há estepe disponível, algo que ficou característico dos BYD por aqui e um ponto muito forte de críticas pelas redes sociais, ainda mais com o que o nosso asfalto vira em alguns pontos do país.
Custa R$ 239.800 e tem um bom pacote de equipamentos, como diversos assistentes, teto-solar panorâmico, câmeras 360, painel configurável, porta-malas com acionamento elétrico, ar-condicionado de duas zonas e o tão querido sistema multimídia com a tela que vira. Não sei até que ponto eu não esticaria e o levaria no lugar do Song Pro mais caro, de R$ 199.800, por ser mais completo e refinado.
Agora, se você tem um Song Plus anterior, pense nessa troca. A experiência é outra com essas atualizações feitas na linha 2025, principalmente em desempenho e autonomia elétrica, além da capacidade de recarga bem melhorada. A velocidade de correções dos chineses, mais uma vez, é algo positivo. Mas é melhor que o GWM Haval H6? Veremos. (Motor 1/Leo Fortunatti)