Marcas de veículos se unem em prol da mobilidade elétrica

O Estado de S. Paulo/Mobilidade

 

As parcerias entre fabricantes não são novidade na indústria automotiva. Elas contribuem para compartilhar plataformas e componentes, dividir tecnologias e amortizar custos. Agora, esse movimento também está em curso no desenvolvimento de automóveis elétricos e no uso do ecossistema da eletromobilidade.

 

Conheça, a seguir, seis importantes iniciativas das montadoras a caminho da descarbonização global.

 

Nissan e Honda

 

As japonesas trabalham para acelerar as iniciativas de atingir a neutralidade de carbono. Para isso, formaram parceria para realizar pesquisas em tecnologias na área de plataformas destinadas aos veículos eletrificados.

 

As duas se comprometem em desenvolver e investir em várias tecnologias, para disseminar os carros elétricos. Um dos itens dos estudos está ligado às opções de baterias de alto rendimento e de baixo custo. A sinergia também prevê o fornecimento das baterias de íons de lítio produzidas pela L-H Battery Company, joint venture entre Honda e LG Energy Solution, com previsão a partir de 2028. “A indústria automotiva vive períodos de transformação a cada século. A combinação de tecnologias e conhecimentos de Nissan e Honda dará agilidade nas soluções de eletrificação e inteligência em escala mundial”, diz o presidente da Honda, Toshihiro Mibe.

 

Volks e Rivian

 

A Volkswagen não esconde seu projeto de se tornar referência em carros elétricos. Um passo nesse sentido foi dado graças à união com a Rivian, a principal rival da Tesla nos Estados Unidos e na Ásia. Elas formaram uma joint venture para compartilhar informações sobre tecnologias e sistemas voltados à eletrificação de automóveis.

 

Os planos incluem o investimento de US$ 5 bilhões, cabendo à Volkswagen a fatia de US$ 3 bilhões. Especialistas europeus em mercado automotivo definiram a aproximação como “acordo do século”. Para eles, a expertise da Rivian no desenvolvimento de softwares preencherá uma lacuna existente na fabricante alemã.

 

A Rivian, por sua vez, vai direcionar o aporte bilionário para amortizar os maus resultados registrados no primeiro semestre. Isso porque o alto custo de produção de seus carros elétricos deixou a companhia com prejuízo de US$ 1,5 bilhão.

 

Ford e Tesla

 

Se a Volkswagen recorreu à Rivian, a Ford bateu na porta da Tesla. Os donos da picape F-150 Lightning e do SUV Mustang Mach-E podem usar os supercarregadores da empresa de Elon Musk nos Estados Unidos e no Canadá. Os 15 mil pontos da Tesla dobram o acesso dos clientes da Ford na recarga rápida, antes restritos à rede BlueOval. Para viabilizar a conexão, a Ford ofereceu os adaptadores compatíveis com equipamentos da Tesla de forma gratuita.

 

Com o acréscimo dos supercarregadores, os usuários da Ford dispõem, agora, de 126 mil estações de recarga. O pagamento pelo serviço, feito pelo aplicativo FordPass, vai incorporar os aparelhos da Tesla para unificar a operação.

 

Renaukt, Xiaomi e Li Auto

 

Muitas montadoras consideram estratégica a aproximação com companhias chinesas para acelerar a eletrificação. A Renault fez esse movimento com as fabricantes Xiaomi e Li Auto para firmar uma parceria tecnológica. O objetivo é compartilhar tecnologias de veículos elétricos e conectados. Assim, a Renault quer tirar o atraso em relação a rivais como Stellantis e Volkswagen, mais adiantadas em parcerias na área da mobilidade elétrica. A Renault, aliás, está flertando com a própria Volkswagen, que poderia usar a plataforma chamada de AmpRSmall – do futuro Renault Twingo E-Tech – em sua linha de carros elétricos urbanos.

 

O acordo da marca francesa com Li Auto e Xiaomi abre uma série de possibilidades. A Renault deseja aproveitar as sofisticadas soluções dos chineses, além de se valer do know how asiático na produção dos veículos elétricos.

 

BMW e Great Wall

 

As duas companhias criaram a joint venture Spotlight Automotive Limited para produzir na China veículos elétricos da Mini – marca que pertence à BMW – e da Great Wall Motors. A aliança estará sediada na província de Jiangsu, onde os parceiros construirão uma unidade de produção de última geração.

 

A fabricação dos carros Mini é peça chave para a eletrificação da marca. “A parceria aumentará rapidamente a produção e a eficiência no segmento cada vez mais competitivo de veículos elétricos compactos”, acredita Klaus Fröhlich, membro do conselho de administração da BMW.

 

A marca expandirá a bem-sucedida joint venture com a Brilliance Automotive (BBA). Em 2023, dois terços dos veículos BMW vendidos na China foram produzidos pela BBA. Segundo as empresas, a estratégia de desenvolvimento global de veículos movidos a bateria segue uma lógica clara: ela refletirá a situação do mercado. Ou seja, o aumento da produção nos maiores centros não significa a diminuição correspondente em outras fábricas.

 

Toyota e Subaru

 

Até 2025, a Toyota planeja lançar 15 modelos totalmente elétricos no mundo. Sete deles são da linha bZ, concebida em parceria com a Subaru, firmada em 2019. O trabalho em conjunto reúne a expertise de cada empresa. Enquanto a Toyota entra com tecnologias de eletrificação, a Subaru fornece seus conhecidos recursos de tração integral.

 

O primeiro resultado da parceria chama-se bZ4X, que inaugurou a família bZ em 2022. O modelo traz importantes inovações em segurança, sistemas de assistência ao motorista, conectividade da central multimídia e autonomia de 450 quilômetros. (O Estado de S. Paulo/Mobilidade/Mário Sérgio Venditti)