Volkswagen planeja dobrar as vendas dos caminhões elétricos e-Delivery em 2025

Transporte Moderno

 

Nos últimos três anos, o mercado de caminhões elétricos enfrentou desafios significativos devido à pandemia e a uma série de fatores que impactaram diretamente as compras e o desenvolvimento do setor. No entanto, em entrevista ao portal Transporte Moderno, o vice-presidente de vendas, marketing e serviços da Volkswagen Caminhões e Ônibus, Ricardo Alouche, revelou que a tendência é de crescimento da demanda por caminhões elétricos a partir de agora. “Estamos vendo um aumento no interesse das empresas por caminhões elétricos. Embora o volume de vendas ainda seja baixo, há sinais claros de melhora”, afirmou Alouche.

 

Com base nesse cenário, o executivo projeta que as vendas dos caminhões elétricos da marca – o e-Delivery de 11 toneladas e o e-Delivery de 14 toneladas – deverão dobrar no próximo ano. O modelo de 11 toneladas já ultrapassou a marca de 100 unidades vendidas até julho deste ano e o de 14 alcançou um pouco mais de 80, segundo números da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). Segundo Alouche, há negociações promissoras em andamento com grandes empresas. “Embora ainda não possamos divulgar detalhes específicos, o mercado está claramente mais aquecido”, destacou. Ainda conforme a Fenabrave, nos sete meses do ano, a montadora alemã acumulou uma participação de 60,9% de participação. Em segundo lugar está a JAC, com 89 unidades vendidas e 28,71% da fatia de vendas.

 

Alouche também ressaltou o impacto positivo da crescente popularidade dos ônibus elétricos, que tem ajudado a disseminar a tecnologia elétrica no setor de transporte de carga. “Os benefícios do silêncio, da economia e das práticas ESG (Environmental, Social, and Governance, em português Ambiental, Social e Governança) estão cada vez mais em evidência”, afirmou.

 

Além disso, a recente reimposição de tarifas sobre caminhões importados pode beneficiar ainda mais a Volkswagen. Anteriormente, esses veículos entravam no Brasil com isenção de impostos, mas agora enfrentam uma taxa de 20%, que deve aumentar para 35%. “Com a equiparação das condições tributárias, a Volkswagen estará em uma posição mais competitiva e terá mais chances de destacar seus caminhões elétricos, mesmo que os preços permaneçam superiores”, analisa.

 

Concorrência mais equilibrada

 

Antes da reimposição dessas tarifas, caminhões importados chegavam ao Brasil com impostos reduzidos, tornando-os mais baratos em comparação aos modelos locais. “Isso afetou diretamente a competitividade do e-Delivery, que enfrentava não apenas a carga tributária brasileira, mas também custos de produção mais elevados”, disse. Conforme o executivo, quando os clientes se interessavam pelos elétricos, muitas vezes optavam por modelos mais baratos devido à diferença de preço. “Agora, com a taxação voltando, há um equilíbrio maior no mercado.”

 

Desde 2021, quando a Volkswagen iniciou as vendas dos caminhões e-Delivery no Brasil, contabiliza a venda de 700 unidades. Segundo Alouche, o modelo de 11 toneladas é o mais popular porque é mais ‘genérico’, o que significa que pode atuar em diversas operações, desde plataforma de guincho até frigoríficos.

 

Oportunidade para locação

 

Como a aquisição de elétricos ainda está em fase de experimentação, Alouche acredita que a locação ganha destaque. Segundo ele, em 2024, o mercado está dividido igualmente entre locação e venda. “A locação ainda é vista como uma opção experimental, pois os clientes finais estão inseguros quanto ao valor residual dos veículos. Eles questionam quanto custarão no futuro e se será um bom negócio.”

 

Por isso, como resultado, eles preferem transferir esse risco para as montadoras. ”Neste ano, meu principal cliente é uma locadora, que opera predominantemente no setor de transporte de bebidas”, conclui. (Transporte Moderno/Aline Feltrin)