Com 0,38% em julho, inflação anual bate no teto da meta

O Estado de S. Paulo

 

Os reajustes nos preços da gasolina, passagens aéreas e energia elétrica pressionaram a inflação oficial no País em julho. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acelerou de uma alta de 0,21%, em junho, para um avanço de 0,38% no mês passado, informou ontem o IBGE.

 

Como consequência, a taxa acumulada em 12 meses acelerou pelo terceiro mês consecutivo, passando de 4,23%, em junho, para 4,50% em julho, alcançando, assim, o teto de tolerância da meta de inflação perseguida pelo Banco Central em 2024 – o centro da meta é de 3%. Questionado, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, pediu “cautela” na avaliação dos dados da inflação no mês (mais informações na pág. B4).

 

Os números devem pressionar o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC ao fim deste ano, já que houve “piora significativa na qualidade” do cenário inflacionário, avaliou o economista-chefe da corretora Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi.

 

“Devemos ver uma continuidade desse momento negativo ao longo do segundo semestre de 2024. Cenário ruim para o Copom, vai ser pressionado no fim desse ano, não sei se o suficiente para subir juros, mas vai suar frio”, afirmou Borsoi.

 

Embora a taxa do IPCA de julho tenha ficado ligeiramente acima do consenso do mercado, a abertura dos números ficaram em linha com o esperado, avaliou a economista-chefe da gestora Galápagos Capital, Tatiana Pinheiro. Os preços dos serviços seguem pressionados, mas a difusão de aumentos entre os itens pesquisados foi baixo, em grande parte por conta da deflação de alimentos. Nesse cenário, Tatiana considera que “o principal fator para a expectativa do mercado com relação à decisão monetária de setembro está no comportamento da taxa de câmbio”.

 

“Prospectivamente, o mercado de trabalho aquecido e o fortalecimento do dólar provavelmente permanecerão como ventos contrários ao arrefecimento da inflação no Brasil”, adiciona a gestora de recursos G5 Partners, em relatório.

 

Pressão

 

A gasolina aumentou 3,15%, item de maior impacto sobre o IPCA do mês, 0,16 ponto porcentual. As passagens aéreas subiram 19,39% em julho, segunda maior pressão, 0,11 ponto porcentual. A energia elétrica residencial subiu 1,93%, resultando numa pressão de 0,08 ponto porcentual sobre a inflação. Ou seja, a gasolina, a passagem aérea e a energia elétrica somaram uma pressão de 0,35 ponto porcentual no IPCA, o equivalente a 93% de toda a inflação do mês. (O Estado de S. Paulo/Daniela Amorim e Caroline Aragaki)