Mais precisão e confiabilidade para o transporte coletivo em São Paulo

Portal Technibus

 

O Consórcio Clever foi a empresa vencedora da licitação da aquisição de licenças de uso do Sistema de Monitoramento e Gestão Operacional (SMGO) de São Paulo. O valor de contratação foi de R$ 908 milhões, sendo válido até maio de 2034, e a assinatura do contrato foi realizada em 4 de maio deste ano. A empresa tem 24 meses para implementar a solução em todo o sistema de transporte coletivo por ônibus da capital paulista e no Aquático-SP.

 

Maurício Corte, presidente do Consórcio Clever, conta em entrevista à Technibus, que a implementação do SMGO marca um momento ímpar, não apenas para São Paulo, mas para toda a América Latina. “Esse projeto vai colocar a SPTrans entre os grandes centros mundiais de tecnologia para transporte. É um novo momento para o transporte no Brasil e na América Latina. E para a companhia também é um projeto de extrema importância porque é o maior projeto do mundo de ITS”, avalia.

 

Para o usuário, as vantagens serão perceptíveis. “É importante destacar o que vai chegar ao cidadão: uma garantia de pontualidade, de confiabilidade e da frequência da oferta. O cidadão terá possibilidade de ter a informação correta em tempo real. Isso vai permitir o planejamento da sua viagem, inclusive com sinalizador de proximidade que alerta quando o ônibus está chegando perto de onde ele está.”

 

Cortes explica que a solução traz diferentes indicadores de posicionamento de frota. “Hoje se utiliza o GPS apenas. Vamos passar a usar também odômetro e acelerômetro. Assim, mesmo que se perca a cobertura do satélite, a informação continua a ser gerada”, detalha o executivo. “Atualmente se faz monitoramento e rastreamento da frota de ônibus, mas com o SMGO será feita a gestão do sistema. E isso vai ser implementado também no Aquático-SP, que é transporte fluvial de São Paulo”, diz.

 

Outra inovação do projeto é que o Consórcio Clever tem que entregar um protocolo que permita o desenvolvimento de soluções diferentes para o sistema. “Os dados são abertos, o que é muito positivo e enriquecedor para que sejam desenvolvidas outras aplicações, com a mesma precisão. Futuramente outras empresas e startups poderão desenvolver novas funcionalidades e ferramentas”, comenta.

 

Cronograma

 

Após a assinatura, houve um período para preparação do plano de trabalho, com várias reuniões com as áreas técnicas da SPTrans. “Essa parte inicial é o norte do projeto como um todo. O plano de trabalho foi aprovado na semana passada. Foi definida uma análise dos requisitos e requerimentos e agora temos um período para apresentar o design review, ou seja, as ações para implementação do SMGO”.

 

Em breve, começa a fase do trabalho da Clever e da SPTrans junto às empresas operadoras. “O operador é extremamente importante e um parceiro estratégico para o sucesso desse processo. É preciso haver uma relação muito estreita. Todas as partes precisam estar envolvidas e comprometidas. As empresas receberão treinamento, porque parte do planejamento é feito por elas e parte é realizado pela SPTrans. Toda parte de gestão de frota vai ser disponibilizado pela SPTrans, que vai ter um papel de supervisão e planejamento. Agora a operação continua com as empresas. Precisa ser uma relação simbiótica para que o ecossistema funcione”, destacou.

 

O projeto é composto por sete grandes módulos, e dentro desses módulos existem as especificações do sistema: integrações, data base, planejamento estratégico e operacional, operação, controle, informação ao usuário e gestão de contratos. “Nos contratos da concessão para os operadores do transporte público de São Paulo foram definidos dez indicadores de (KPI) que formam o IQT. Então vamos pegar o nosso software, que já tem 30 anos operando em diferentes países e que é a base de tudo que a SPTrans está exigindo, e vamos fazer as adaptações de acordo com as requisições do edital”.

 

O Índice de Qualidade do Transporte (IQT) é utilizado para avaliar a qualidade do serviço prestado pelas concessionárias, por meio do qual é atribuída uma pontuação às empresas operadoras, utilizando um sistema de ponderação sobre os indicadores estabelecidos. “O SMGO vai trazer muito mais precisão na avaliação desses índices. O sistema é uma grande inovação. Vamos trazer um software já implementado em outras cidades do mundo, como Nova Iorque, por exemplo, para a capital paulista”.

 

Outra inovação é que o software do SMGO será fornecido pela Clever e o hardware embarcado nos ônibus por outras duas empresas. “Entregamos o protocolo de comunicações para essas empresas, e a partir disso, elas precisam fazer a integração com o software. Isso é um modelo novo, que nunca foi experimentado no mundo. Essa separação é um dos grandes desafios que temos pela frente. Temos que trabalhar muito próximos, pois não existe software sem hardware”, disse Cortes.

 

Para o executivo, o prazo de 24 meses para a implementação é um tanto exíguo. “Em cidades muito menores que São Paulo, como Nova Iorque, foram necessários 36 meses. Mas esse é mais um dos nossos desafios”, diz. A solução da Clever já foi implementada em outras cidades do mundo, como Nova Iorque, Chicago, Milão e Toronto. “Em Bogotá, Colômbia, ela está em 400 veículos da nova frota elétrica. Ele permite um melhor aproveitamento da frota, tanto elétrica quanto a diesel”. (Portal Technibus/Márcia Pinna Raspanti)