Produção industrial tem em junho o melhor resultado mensal em 4 anos

O Estado de S. Paulo

 

Resultado foi registrado após dois meses consecutivos de queda. Das 25 atividades apuradas, 16 avançaram.

 

Após dois meses consecutivos de queda, a produção industrial brasileira voltou a crescer em junho, impulsionada pela expansão dos bens de consumo duráveis, sobretudo automóveis. O movimento reflete, em parte, os esforços de recuperação do Rio Grande do Sul, de acordo com economistas ouvidos pelo Estadão/Broadcast.

 

O crescimento de 4,1% do setor na passagem de maio para junho ficou bem acima da mediana das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast, de 2,5%. De quebra, marcou, pela série dessazonalizada do IBGE, a maior alta mensal para a indústria desde julho de 2020, quando houve expansão de 9,1% – em um contexto de recuperação dos primeiros choques da pandemia de covid-19.

 

O desempenho no mês ainda fez, segundo o IBGE, com que a produção industrial ultrapassasse em 2,8% o seu nível pré-pandemia, de fevereiro de 2020.

 

Em nota, o Bradesco destacou que a expansão da indústria em junho deve contribuir para um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre em magnitude semelhante à observada nos primeiros três meses do ano, quando a economia do País cresceu 0,8%, na comparação com o último trimestre de 2023.

 

O economista-chefe da G5 Partners, Luis Otavio de Sousa Leal, elevou sua estimativa para o PIB do segundo trimestre, de 0,5% para 0,9%. Ele avalia que o efeito das enchentes no Rio Grande do Sul sobre a produção industrial brasileira do segundo trimestre tende a ser nulo, “ou quiçá positivo”, dado os esforços empreendidos para a recuperação do Estado. A G5 estima crescimento de 2,3% no PIB no ano, com viés de alta.

 

Para Helcio Takeda, economista da Pezco, o resultado acima do esperado da indústria em junho reforçou o viés de alta da sua estimativa para o crescimento de 0,5% do PIB no segundo trimestre. “Achamos que há uma possibilidade não desprezível de o PIB do segundo trimestre surpreender para cima.”

 

Setores

 

Conforme o IBGE, a produção industrial de junho registrou variação positiva em suas principais categorias: bens de capital (0,5%), bens intermediários (2,6%), bens de consumo duráveis (4,4%) e bens de consumo semi e não duráveis (4,1%).

 

Das 25 atividades investigadas pela pesquisa, 16 avançaram em junho. As influências positivas mais significativas viram de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (4,0%), produtos químicos (6,5%), produtos alimentícios (2,7%) e indústrias extrativas (2,5%). “Na atividade de produtos derivados de petróleo e biocombustíveis, observa-se um ganho acumulado de 6,2% em dois meses consecutivos de expansão na produção”, disse o gerente da pesquisa, gerente da pesquisa, André Macedo. (O Estado de S. Paulo/Juliana Garçon/Daniel Tozzi Mendes, Gabriela Jucá e Anna Scabello)