Motor 1
Diferente do Corolla, a vida do Toyota Corolla Cross não é tão tranquila. Enquanto o sedã domina as vendas e só vê concorrentes saindo da briga, o SUV médio tem, além de Jeep Compass e VW Taos, a entrada recente dos chineses eletrificados com preços competitivos. A Toyota sabe disso e precisou agir de alguma forma.
O Toyota Corolla Cross 2025 tem diversas novidades. Essa versão, XRX com motor 2.0, foi apresentada em dezembro, já uma resposta (um pouco lenta, na verdade) ao que os compradores pediam, com o pacote mais completo sem precisar ir ao híbrido, antes da reestilização. E com as mudanças por R$ 191.790, vai além da tradição do nome?
Cara de híbrido, sem os exageros
Enquanto o Corolla precisa de muita atenção para perceber o que mudou, o Corolla Cross é mais claro. Na dianteira, o parachoque recebeu duas entradas de ar nas laterais e um estilo de grade que remete aos elétricos, mais fechada. Na versão XRX (2.0 e HEV), os faróis são novos, em LEDs, com seta sequencial na parte superior e, apesar de parecer, não estão interligados pela parte central. Nas laterais, apenas novo desenho das rodas de 18″ e, na traseira, as lanternas com um pequeno detalhe diferente na parte interna.
Por dentro, uma pequena mudança nos materiais. A grande diferença aparece no painel de instrumentos, com tela de 12,3″ configurável, enquanto o sistema multimídia mantém a tela de 9″ com espelhamentos sem fios. O acabamento está dentro da média do segmento e, nesta versão, mistura o couro claro com peças escuras para dar aquele ar de luxo que este tipo de combinação oferece. No console central, finalmente o freio de estacionamento eletrônico com autohold.
Nesta versão, o motor é o 2.0 aspirado (M20A-FKB) conhecido desde a atual geração do Corolla, apresentado em 2019. Tem variador de tempo de abertura dos dois comandos de válvulas (com atuação elétrica na admissão, mais rápida), injeção direta e indireta e outras tecnologias para reduzir emissões e consumo. Na linha 2025, recebeu um sistema de recirculação de gases e recalibração, resultando potência de 177 para 175 cv com etanol e torque de 21,4 para 20,8 kgfm – com gasolina, mantém os 169 cv e os 21,4 kgfm.
Nem sempre são só números
Apesar de criar uma ampla discussão, essa redução de potência e torque não são suficientes para afetar o uso diário. Na teoria e na prática, não é um carro de performance onde cada cavalo conta, então um usuário comum não perceberia a diferença se as mudanças forem apenas essa, mas a Toyota recalibrou a transmissão do Corolla Cross.
O Corolla Cross 2.0 usa o câmbio CVT que tem a primeira marcha física, com as demais nove simuladas pelo conjunto de correia e rolamentos. A programação deixou as respostas mais rápidas, como reduções e atendimento de solicitações do acelerador. Apesar de menos potente, o conjunto pôde compensar isso com uma maior agilidade, principalmente com essa primeira marcha física que tira do páreo a demora conhecida de um CVT tradicional para arrancar.
Não tem aquele fôlego de baixa dos motores turbo, mas o 2.0 tem uma linearidade que vai mais ao conforto e só se torna mais áspero em rotações altas em aceleração total, como retomadas. Sobre o câmbio, é perceptível quando ele muda da primeira marcha física para o CVT com um leve tranco, que só irá notar quem parar para perceber que isso acontece.
Essas sensações ficaram claras no teste instrumentado. O Corolla Cross 2.0 ficou mais rápido, mesmo com menor potência e torque. Aos 100 km/h, a redução chegou a 0,5 segundo, enquanto as retomadas chegam a quase 1 segundo mais rápidas no 80 a 120 km/h, onde a disposição em alta rotação é mais clara. Um motor nunca trabalha sozinho e cada vez mais os novos câmbios fazem diferença.
Corolla Cross 2.0 (2021) – Corolla Cross 2.0 (2025)
0 a 60 km/h – 4,7 s – 4,5 s
0 a 80 km/h – 7,1 s – 6,8 s
0 a 100 km/h – 10,1 s – 9,6 s
40 a 100 km/h – 7,2 s – 6,6 s
80 a 120 km/h – 6,7 s – 5,8 s
Consumo urbano – 7,0 km/litro (etanol) – 7,7 km/litro (etanol)
Consumo rodoviário – 9,5 km/litro (etanol) – 10,6 km/litro (etanol)
Em consumo, também teve uma melhora considerável no urbano, com etanol, indo aos 7,7 km/litro. Na estrada, temos 1,1 km/litro a mais que o anterior, que no tanque de 47 litros, é um pouco a mais de autonomia para rodar em qualquer situação.
Japonês de sempre
Um ponto alto do Corolla Cross é seu conforto. Tem a boa construção dos japoneses e um ajuste de suspensão voltado ao conforto, com direção elétrica com peso na dose certa para o dia a dia. Não passa aquela sensação de mole demais, mas longe de ser firme demais para manobras e uso, principalmente rodoviário. É um carro que não vai te empolgar a andar rápido, mas não é lento para te fazer passar raiva ou ser mole demais para te passar alguma insegurança.
Não temos alterações no espaço interno do Corolla Cross. No banco traseiro, um bom espaço para dois ocupantes, com apoio de braço central e saídas de ar-condicionado e portas USB-C para recarga de smartphones. Um terceiro ocupante pode ocupar o seu espaço, mas é prejudicado justamente por esse apoio de braço e menos espaço para os pés – o SUV tem o entre-eixos do Corolla Hatch (2.640 mm), não do sedã (2.700 mm). O porta-malas tem 440 litros e, finalmente, recebeu a tampa com acionamento elétrico nas versões XRX.
Por R$ 191.790, o Corolla Cross XRX tem piloto automático adaptativo, alerta de colisão com frenagem automática, alerta ativo de saída de faixas, alerta de ponto-cego, farol-alto automático, teto-solar, 7 airbags, chave presencial com partida por botão, ar-condicionado de duas zonas, carregador por indução e a tampa traseira com acionamento elétrico.
Fato que muito foi feito pela Toyota para o Corolla Cross não perder mercado para as chinesas. Lógico que ainda há muitos compradores fiéis aos japoneses ou que ainda não confiam nos novos players do mercado e, abaixo dos R$ 200 mil, é uma faixa ainda forte entre os SUVs médios antes de GWM e BYD, por exemplo. Sobre o Corolla Cross 2.0 em si, ficar mais eficiente e rápido é um feito muito bom e as mudanças caíram bem nesse momento. (Motor 1/Leo Fortunatti)