Em 28 dias de greve, Renault deixa de produzir 15.545 carros

AutoIndústria

 

A greve dos trabalhadores da Renault/Horse em São José dos Pinhais, PR, completou 28 dias nesta segunda-feira, 8, sem qualquer indício de entendimento entre a montadora e o SMC, Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba. Até o momento, deixaram de ser produzidos 15.545 carros.

 

A empresa já informou que só volta a negociar se os funcionários retornarem ao trabalho e, no momento, aguarda novo julgamento quanto à legalidade da greve, que acontecerá nesta terça-feira, 4, no Tribunal Regional do Trabalho, TRT, da 9ª região.

 

Por decisão de um juiz, o movimento já foi considerado ilegal, mas desta vez o julgamento envolverá um colegiado do referido órgão.

 

Do lado dos trabalhadores, o presidente do SMC, Sérgio Butka, atribui a continuidade da greve à falta de maturidade da empresa em não aceitar o resultado da assembleia dos trabalhadores e não querer sentar parar negociar.

 

“A impressão é que não querem resolver nada das reivindicações, preferindo colocar em risco a saúde e segurança do trabalhador e tomar prejuízo com a falta de produção só para não dar o braço a torcer”, avalia o sindicalista.

 

Iniciada com a pauta de reivindicações centrada no valor da PLR, Participação nos Lucros e Resultados, e no reajuste salarial deste ano, a greve ganhou novo escopo ao pleitear, também, melhores condições de trabalho.

 

Segundo material divulgado nesta segunda-feira, 3, pelo sindicato, a principal reivindicação dos trabalhadores é pela contratação de mais empregados para suprir o ritmo intenso da linha de produção, que tem sobrecarregado os funcionários e colocado sua saúde e segurança em risco.

 

“Uma evidência desse fato é o índice de engajamento do trabalhador na linha de produção que está em 95%, ou seja, dentro do processo de trabalho, o trabalhador tem apenas 5% de tempo para dar ‘uma respirada’ ou ir ao banheiro”, informa o SMC, destacando que o pleito é no sentido de a empresa baixar esse índice para 85% ou menos.

 

A Renault está propondo PLR de R$ 25 mil e os trabalhadores reivindicam R$ 30 mil. Quanto ao reajuste, a proposta da montadora é de  aumento baseado no INPC, Índice Nacional de Prelos ao Consumidor,  enquanto os trabalhadores reivindicam o INPC (previsão de 3,66%) mais o PIB de 2022 (3,02%), com total de 6,8%.

 

A fábrica da Renault opera em dois turnos e possui cerca de 5 mil trabalhadores, dos quais 3,5 mil da produção e 1,5 mil administrativos. São produzidos lá a Oroch, Master, Kardian, Kwid e Duster. (AutoIndústria/Alzira Rodrigues)