Jornal do Carro
Há tempos as picapes vêm deixando de ser veículos voltados ao trabalho. No nosso primeiro contato com a inédita BYD Shark, ficam evidentes aspectos como conforto e direção agradável – ao menos em vias urbanas. A Cidade do México foi o cenário da voltinha de apenas dez minutos com o primeiro modelo feito pela marca chinesa em sua fábrica mexicana.
No México, onde começa a ser vendida nas próximas semanas, a Shark tem tabela a partir de 899.980 pesos. São cerca de R$ 280 mil, na conversão direta, sem taxas. No Brasil, onde chega no terceiro trimestre, a primeira picape da BYD terá preço inicial em torno dos R$ 300 mil.
O modelo híbrido plug-in, com motor 1.5 a gasolina e dois elétricos e potência total de 430 cv deverá disputar compradores com veteranas com motor a diesel. Como a Toyota Hilux SR (R$ 272.190), Chevrolet S10 Z71 (R$ 281.900) e Ford Ranger XLS V6 (R$ 279.990).
Segundo a BYD, a Shark tem tração nas quatro rodas e suspensão independente. A autonomia, de 840 km, é pelo ciclo europeu NEDC. No modo 100% elétrico, dá para rodar até 100 km. Além disso, o consumo é de 13,3 km/l.
A Shark tem capacidade de carga de 835 kg. O volume da caçamba é de 1.450 litros. São 5,46 metros de comprimento, ou 10 centímetros a mais que a Ranger (5,35 m) e 13 a mais que Hilux (5,33 m). A distância entre os eixos é de 3,26 m.
Na prática, a nova picape oferece amplo espaço interno. É boa a posição de dirigir sobre o grande banco, com ajustes elétricos e o volante tem regulagem de altura e profundidade.
O quadro de instrumentos é uma tela de 10,25 polegadas fácil de ler. No painel fica outra, de 10,8”, que concentra as funções do multimídia. Há ainda o sistema head-up display.
Os comandos do start&stop e do pisca-alerta formam um conjunto bonito, mas recuado, atrás da base de recarga de celular sem fio e da haste do câmbio. Com isso o motorista tem de desviar o olhar do caminho para acionar a tecla certa.
Bom acabamento
Outros destaques são a conexão wi-fi 5G e o assistente virtual. Dá para ativá-lo com um “Hi BYD”, e pedir, por exemplo, para abrir e fechar vidros, fazer ligações por celular, acionar o navegador GPS, o ar-condicionado e a ventilação, entre outros.
A cabine bem-acabada tem imitação de couro e material emborrachado no painel. O banco traseiro amplo leva três adultos com relativo conforto. Há duas saídas de ar-condicionado e duas portas USB A e C.
Fomos de carona com pilotos da BYD conhecer algumas das virtudes da Shark. A primeira parte da prova incluiu slalon, seguido de aceleração de 0 a 100 km/h (feita em 6,3 segundos) e frenagem forte. Depois, num circuito simulando offroad, a picape passou por um trecho com forte inclinação lateral e fez subida de rampa.
Ao volante, comprovamos que a Shark é silenciosa e tem direção (com assistência elétrica) leve e boa estabilidade. Colabora com isso a suspensão com braços triangulares sobrepostos na dianteira e atrás.
Quando solicitados com firmeza, os freios a discos ventilados nas quatro rodas respondem com eficiência. Vale registrar que essa rápida prova foi feita com a picape sem carga.
A visibilidade é boa e há sensor de ponto cego nos retrovisores, além de câmeras que, segundo a marca, garantem visão de 540°. Ou seja, de 360° ao redor do carro e de 180° da parte inferior do chassi.
Segundo a BYD, a distância mínima do solo com carga total é de 21 centímetros. O ângulo de ataque é de 31º, o de saída é de 19,3º e a capacidade máxima para rampas, de 30º.
A marca exibiu um vídeo que mostra a Shark cruzando um trecho com água até a altura do capô. Contribui com isso o bloqueio dos diferenciais.
Há air bags frontais, laterais e do tipo cortinas. Porém, faltou a bolsa para os joelhos do motorista. A carroceria é feita de aço de alta resistência.
Há ainda o sistema batizado de VTOL (vehicle-to-load). Com isso, as baterias da picape podem ser usadas para alimentar luzes externas ou outros tipos de aparelhos elétricos. (Jornal do Carro/Marcus Vinicius Gasques)