O Estado de S. Paulo
As ações da Petrobras voltaram a cair ontem, na esteira da mudança na presidência da estatal e dos temores de maior intervencionismo do governo federal. Os papéis ON (ações ordinárias) fecharam o dia em R$ 39,29, queda de 1,82%. Já as PN (preferenciais) caíram 2,84%, para R$ 37,31. Com isso, em dois dias, a petroleira perdeu R$ 45,4 bilhões em valor de mercado, sendo R$ 34 bilhões na quarta-feira, e R$ 11,4 bilhões ontem.
Com a queda nos dois pregões da Bolsa, a empresa, que na terça-feira tinha valor de mercado de R$ 542,9 bilhões, ontem era cotada a R$ 497,5 bilhões, menor valor desde 1.º de abril deste ano (mais informações no quadro desta página).
Jean Paul Prates foi demitido da presidência da estatal na terça-feira, e para seu lugar o governo indicou o nome da engenheira Magda Chambriard.
Já fora da presidência, Prates foi às redes sociais para divulgar projetos iniciados durante sua gestão. Segundo ele, na quarta-feira – quando o conselho de administração da estatal oficializou sua saída – foi aprovada a segunda fase do projeto Gaslub (ex-Comperj), no Rio de Janeiro, onde serão produzidos bioquerosene de aviação (bioQAV) e diesel renovável. “É com muita satisfação que informo a emissão da aprovação da passagem para a fase 2 do projeto que implementa uma planta de BioQAV e diesel renovável no Gaslub”, escreveu Prates.
A nova planta receberá investimentos de US$ 930 milhões. “Mais uma demonstração de que a Petrobras esteve, nesses 15 meses (período de sua gestão), incessantemente focada e efetivamente operante nos investimentos e operações que realmente importam para o Brasil.”
Justificativa
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva justificou a demissão de Prates, que teve uma gestão marcada por atritos com outros ministros, pela “demora de entrega de promessas”.
Na reunião de terça-feira no Palácio do Planalto, em que Prates foi demitido, estavam presentes também os ministros de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e da Casa Civil, Rui Costa. A amigos, Prates considerou “humilhante” a forma como foi demitido.
Sua sucessora, Magda Chambriard, foi diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) entre 2012 e 2016, no governo Dilma Rousseff. Vista como uma “petista histórica” no partido e no Palácio do Planalto, Magda defendeu bandeiras que provocaram controvérsia no passado, como a exigência de conteúdo local na indústria do petróleo.
A Petrobras informou, oficialmente, que as indicações de Magda à presidência e ao conselho de administração terão de passar por análise das áreas de integridade e de recursos humanos da companhia. Em seguida, seu nome será submetido à avaliação do Comitê de Pessoas (Cope) do conselho de administração, em processo que levará até 15 dias. Até lá, a Petrobras será comandada interinamente por Clarice Coppetti, atual diretora executiva de Assuntos Corporativos da estatal. (O Estado de S. Paulo/Denise Luna e Flávya Pereira)