Stellantis usa engenheiros do Brasil e da Índia para gastar 4 vezes menos

Motor 1

 

Em ação estratégica para reduzir custos e enfrentar a concorrência cada vez mais acirrada, a Stellantis está colocando em prática programa de recrutamento de profissionais de engenharia em países considerados mais baratos. Conforme explica a agência de notícias Automotive News, os alvos estão sendo engenheiros do Brasil, Índia e Marrocos, que estão sendo contratados com salários até quatro vezes mais baixos que a média.

 

Segundo a reportagem, a Stellantis está pagando cerca de US$ 53.000 (R$ 270.000) por por ano para cada engenheiro brasileiro ou indiano, contra US$ 150.000 ou US$ 200.000 de média salarial anual de profissionais da Europa e dos Estados Unidos. A meta da empresa, segundo fontes internas, é concentrar a longo prazo cerca de dois terços de toda sua equipe global de engenheiros em países de custos mais baixos.

 

“Sempre há espaço quando se trata de disciplina de custos”, disse a CFO da Stellantis, Natalie Knight, em ocasião recente. “Vamos continuar a otimizar os nossos custos de trabalho – isto é algo que tem sido importante tanto para os executivos como, em menor medida, para os operários”. Curiosamente, a empresa pagou em 2023 a quantia recorde de US$ 39 milhões para o CEO Carlos Tavares (o maior salário do mercado entre as montadoras tradicionais).

 

No Brasil, a Stellantis planeja contratar cerca de 500 engenheiros para reforçar a equipe de 4.000 profissionais que já possui no país, disse recentemente o COO da América do Sul, Emanuele Cappellano. Os engenheiros, muitos deles baseados no polo de Betim (MG), trabalham tanto em projetos locais quanto globais. Paralelamente, a empresa demitiu no Michigan, Estados Unidos, 400 engenheiros que atuavam nos setores de calibração, eletrônica e controles.

 

A substituição tem rendido importante redução de custos e, em alguns casos, reconhecimento da capacidade técnica dos profissionais emergentes. Em outros, porém, a Stellantis enfrentou dificuldades. Na plataforma “Smart Car”, por exemplo, o sistema de direção desenvolvido pela Tata Consulting Services, da Índia, apresentou problemas. Com isso, dezenas de engenheiros franceses e italianos tiveram que ser acionados para trabalhar nas correções.

 

Além da Stellantis, outras empresas estão adotando estratégia parecida. É o caso da Renault, que também atua na procura de talentos em engenharia e software em mercados emergentes. Em entrevista recente, o CEO Luca de Meo elogiou o “alto nível de competência” da Índia em áreas como engenharia em nuvem, inteligência artificial e direção autônoma. A empresa cortou cerca de 1.500 cargos de engenharia em França nos últimos anos e para investir nos centros que mantém na Romênia, no Brasil e na Coreia do Sul.

 

O mesmo vale para Tesla, BMW e Volkswagen, que também estão cortando empregos em suas regiões de origem e transferindo parte da produção para locais mais baratos. 9Motor 1/Dyogo Fagundes)