BYD pode ter nova fábrica de quadro de chassis de ônibus

Frota & Cia

 

Presente no Brasil há mais de 10 anos, inclusive com uma fábrica instalada em campinas, a BYD se prepara para uma nova e consistente fase de crescimento no país. Com cerca de 120 ônibus comercializados em toda essa primeira década de atuação, a marca espera chegar ao final de 2024 com cerca de 1.000 emplacamentos, uma performance que será capitaneada por São Paulo, que prevê um total de 2.400 novos ônibus elétricos em seu sistema de transporte público urbano.

 

Este expressivo crescimento nas vendas já faz a BYD planejar novos investimentos no mercado nacional por meio do lançamento de novos modelos, equipados com a nova geração de baterias Blade, de fabricação própria, que compreende maior densidade energética com redução de peso e medidas. A montadora se mostra atenta às oportunidades de mercado entre os 9 e os 27 metros de comprimento.

 

Uma nova fábrica de quadro de chassis também está no radar da marca chinesa. Todavia, a BYD estuda duas possibilidades: a de manter a área de ônibus concentrada em Campinas, no interior paulista, ou de levar toda essa estrutura para o moderno parque industrial que está sendo montado na Bahia (BA). Todavia, ainda não há prazo para tal definição.

 

“A cidade de São Paulo está com uma vontade muito grande de eletrificar a sua frota. Porém, existem algumas questões relacionadas à infraestrutura, principalmente, que de certa forma vem atrasando um pouco essa implementação. Quando essa questão for destravada, haverá um grande volume – 2.400 ônibus elétricos, segundo a SPTrans – e, como a gente sabe, o que acontece na capital paulista acaba virando referência para o restante do país. Se tudo der certo, venderemos cerca de 1.000 chassis este ano, tendo o modelo D9W, de 13 metros, como o carro-chefe desta demanda”, analisa recordou Bruno Paiva, diretor de Vendas de Ônibus da BYD. “Recentemente, eu estava na Colômbia e quem opera o sistema de eletricidade de Bogotá é a Enel, a mesma que atende São Paulo. Lá, há garagens com mais de 400 ônibus elétricos, por exemplo. Ou seja, há uma infraestrutura elétrica robusta montada por essas garagens. Por aqui, este desafio será vencido”, completa.

 

O mercado de ônibus urbanos é diferente dos de outros veículos em qualquer lugar do planeta, pois quase sempre dependem de subsídios públicos para uma operação saudável. Portanto, os modelos elétricos precisam ganhar escala de produção para que os custos de aquisição também sejam reduzidos.

 

“Quando a gente olha para fora do Brasil, onde se encontram frotas expressiva de ônibus elétricos, já é possível observar significativa redução nos custos com combustível e em manutenção, pois o custo da eletricidade é muito inferior, assim como o número de peças a serem trocadas ou reparadas. Hoje, os operadores internacionais que já eletrificaram as suas frotas não querem mais saber de diesel”, destaca Paiva. “Na minha opinião, o transporte público é um balizador da sociedade, pois mostra que os sistemas mais avançados atendem a população com conforto e eficiência, atraindo mais passageiros e desafogando o trânsito”, completa.

 

A BYD anunciou investimentos que somam R$ 5,5 bilhões em sua operação brasileira, envolvendo a produção de automóveis na fábrica de Camaçari (BA), construção de prédios para funcionários, entre outros focos que também não contemplam o negócio de ônibus. “A gente vem estudando, desde o começo do ano, a criação de uma fábrica de quadro do chassi, aqui, no Brasil. Mas, a gente precisa ter um mercado mais maduro, permitindo que a gente faça movimentos na área de ônibus, já que a nossa atual estrutura já supri as necessidades do mercado. A gente tem capacidade ociosa em Campinas”, justifica o executivo.

 

O mercado de usados já existe

 

“Os primeiros ônibus que eu vendi na BYD foram usados”, revela Bruno Paiva, diretor de Vendas de Ônibus da BYD. “Existe o mercado e ele demanda. Estamos para fazer mais uma venda de veículos elétricos. Portanto, teremos o mercado de veículos usados, pois ele é mais barato. Podemos, inclusive, negociar uma extensão da garantia caso a caso”, completa.

 

“A gente veio para ficar e que quer ser relevante no mercado brasileiro. Eu acho que foi importante a BYD ter chegado cedo ao Brasil para poder entender o mercado nacional e suas características. Os primeiros ônibus que vieram eram monoblocos importados. Colocamos esses veículos para rodar em algumas operações e, logo de cara, constatamos que aquele veículo não era preparado para as condições da aplicação brasileira. Por isso, mudamos a estratégia e indicamos para a matriz as necessidades de tropicalização do nosso produto para que ele se tornasse adequado, já sob o conceito de chassis equipados com as carrocerias e não mais como veículo integral”, recordou Paiva. “Existe um ditado no mercado que diz: ‘ônibus que roda no Brasil roda em qualquer lugar’, mas não é qualquer ônibus que consegue rodar no mercado brasileiro e isso é fato. O Brasil já conviveu com ônibus monoblocos no passado e há casos em que esses veículos rachavam, pois não estavam adequados para o nosso mercado”, conclui. (Frota & Cia/Gustavo Queiroz)