Fábricas na Argentina voltarão a produzir em março, mas em ritmo reduzido

Motor 1/Ámbito Financiero

 

A situação econômica da Argentina continua a causar problemas para toda a indústria automotiva. Os problemas do país com a falta de dólares levou a um caso bem curioso, em que algumas fabricantes locais fizeram uma dívida com os fornecedores e suas matrizes e, agora sem ter como pagar, terão que reduzir o ritmo de produção, com algumas até podendo trabalhar somente com um turno para a linha de montagem.

 

Segundo reporta o site Ámbito Financiero, GM, Volkswagen, Nissan e Renault estão para decidir como será o retorno da produção, três meses depois da parada para o fim de ano. As quatro empresas anunciaram antes que não retomariam a operação de suas fábricas por falta de componentes, o que foi causado por falta de pagamentos.

 

Todo o caso é bem complicado. Com a falta de dólares, o ex-ministro da Economia, Sergio Massa, disse às fabricantes que teriam que financiar suas próprias importações, com a promessa que o Banco Central argentino iria liberar dólares pela taxa de conversão oficial. Diversas empresas aceitaram e fizeram um débito com suas matrizes e fornecedores que teria passado de US$ 8 bilhões (R$ 39,4 bilhões). Só que o governo anterior não cumpriu o acordo e, como Massa perdeu a eleição para a presidência, toda a situação piorou.

 

Sem receber o dinheiro prometido, fornecedores começaram a cortar a entrega de componentes, enquanto as matrizes deixaram de cobrir as dívidas. Sem receber peças, muitas fabricantes resolveram continuar paradas depois das festas de dezembro. O governo de Javier Milei criou um sistema de títulos econômicos chamado Bopreal, para pagar dívidas externas dentro de quatro anos, além de um novo sistema de importação. Apenas a Toyota entre as maiores fabricantes adotou o Bopreal, para manter sua operação funcionando.

 

De acordo com o Ámbito Financiero, a Volkswagen irá definir esta semana como será o retorno de sua produção programado para março. Uma das alternativas seria trabalhar com um único turno, ao invés de dois como estava no final do ano passado, e fazendo um rodízio dos funcionários, com cada grupo trabalhando por somente 15 dias.

 

A General Motors também retomará a operação da fábrica no mês que vem, mas ainda não definiu se fará alterações no ritmo de produção. Renault e Nissan, que operam a fábrica em Córdoba, já voltaram a produzir, mas de forma irregular, pois depende da entrega de algumas peças e materias-primas. A Stellantis estaria funcionando, mas está para anunciar o novo calendário de produção, reduzindo a atividade.

 

Até mesmo a Toyota está com alguns problemas. Embora não esteja para cortar turnos, a fabricante irá reduzir a produção, das 180 mil unidades de Hilux e SW4 feitas em 2023 para menos de 165 mil veículos neste ano. A fabricante cita a queda nas vendas de mercados como Chile e Colômbia. Isto em um momento em que a empresa estava preparando-se para aumentar a produção, com a adição da van Hiace.

 

Uma fonte ligada à uma fabricante disse ao Ámbito que a situação não deve ser normalizada tão cedo e que mais fabricantes farão cortes na produção. A justificativa é que a dívida externa continuará a afetar as empresas e, ainda que alguns problemas tenham sido resolvidos, existem casos muito delicados.

 

Isto pode afetar a produção e o cronograma de diversas fabricantes que tinham lançamentos marcados para este ano. A Volkswagen prepara-se para lançar a Amarok reestilizada, que estava prevista para o 1º semestre. A Peugeot irá reestilizar o 208 e ainda iniciar a produção da segunda geração do 2008, ambos avistados em testes tanto no Brasil quanto na Argentina. (Motor 1/Ámbito Financiero/Nicolas Tavares)