AutoIndústria
Depois de Renault e Volkswagen adiarem a oferta pública de ações de seus braços de desenvolvimento e produção de veículos elétricos, decisões divulgadas nos últimos dois dias, agora é a vez da VDA, associação representativa do setor automotivo alemão, trazer mais uma má notícia para os fabricantes de veículos elétricos a bateria.
Em conferência anual, o economista-chefe da entidade, Manuel Kallweit, projetou para 2024 o primeiro declínio de vendas de modelos a bateria em oito anos no país. O dirigente estima que 451 mil BEVs, como são ocnhecidos esses modelos, serão negociados no maior mercado europeu individual, queda de 14%.
O índice é muito maior do que o recuo médio projetado por Kallweit para o mercado alemão de automóveis como um todo, que deve consumir 2,8 milhões de unidades, 1% abaixo de 2023 e perto de 25% aquém de 2019, último ano pré-pandemia.
Mesmo considerando crescimento de 5% dos híbridos plug-in, para perto de 185 mil unidades, as vendas totais de elétricos na Alemanha devem cair para 635 mil unidades no ano, 9% menos, segundo a VDA. Em 2023, só de modelos exclusivamente a bateria foram negociados 524 mil, mais do que em todo o restante da Europa.
A projeção, portanto, dispara uma sirene de alerta ainda mais estridente nos ouvidos dos fabricantes. A Alemanha vinha sendo o país que mais impulsionava os negócios com veículos eléctricos e a própria Volkswagen já trata de reduzir preços e ofertar versões mais baratas de seus BEVs depois de afirmar que não entraria em guerra comercial para sustentar suas vendas ante a concorrência da Tesla e das marcas chinesas.
No fim do ano passado, o governo alemão cessou subsídios aos consumidores para a compra de veículos elétricos, praticamente um ano antes do programado. E, confirmadas as projeções da entidade, a participação dos BEVs nas vendas cairá para 16% ante 18% de 2023.
Apesar desse quadro interno, a VDA calcula que a produção de automóveis elétricos na Alemanha pode crescer até 19% em 2024, para 1,45 milhão de unidades — com estabilidade da produção total. A razão são as exportações, projetadas em 3,1 milhões, 1% maiores.
Os fabricantes alemães projetam que o mercado global de veículos deva alcançar 77,4 milhões de unidades, 2% a mais do que no ano passado, e que o europeu cresça 4%.
A Alemanha é o segundo maior produtor mundial de veículos elétricos, com 1,2 milhão montados no ano passado, seguida de perto pelos Estados Unidos, que fabricou 1,1 milhão. A liderança disparada é da China, 6,6 milhões de unidades produzidas. (AutoIndústria)