O Estado de S. Paulo
Decisão do comitê do BC de cortar a taxa de juros em 0,5 ponto foi unânime, apesar da pressão do governo por redução maior. Nos investimentos, analistas dizem que renda fixa não perde brilho.
Apesar da pressão do governo, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central seguiu o plano de voo e reduziu pela quarta vez seguida a Selic em 0,50 ponto porcentual, de 12,25% para 11,75% ao ano. A decisão foi unânime. O colegiado repetiu a indicação de que “uma redução de mesma magnitude” deverá ocorrer nas “próximas reuniões” – ritmo considerado “apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”. Integrantes do governo entendem que já existiria condição para corte maior da taxa básica de juros.
“A conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento, expectativas de inflação com reancoragem apenas parcial (com conversão parcial em direção às metas )e um cenário global desafiador demandam serenidade e moderação na condução da política monetária”, diz trecho de comunicado divulgado após a reunião.
O BC disse ainda que a decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para “o redor da meta ao longo do horizonte relevante”, que inclui 2024 e 2025. “Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego.”
O colegiado voltou a destacar a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a redução das expectativas de inflação. “O comitê reafirma a importância da firme persecução dessas metas.”
As primeiras avaliações no mercado foram de que o comunicado ainda não deixou brecha para aumento do ritmo de corte dos juros. “O comunicado não abre nenhuma frestinha para o 0,75 ponto”, disse o economista-chefe do PicPay, Marco Caruso. (O Estado de S. Paulo/Eduardo Rodrigues e Fernanda Trisotto)