O Estado de S. Paulo Online
A Anfavea, entidade que representa as montadoras de veículos, apresentou nesta quinta-feira, 7, números que mostram perda de participação do setor tanto no Brasil quanto na Argentina, historicamente o principal destino das exportações da indústria automotiva.
Segundo a associação, tal perda de espaço explica por que a produção está terminando 2023 na contramão do crescimento dos mercados. Em relação às exportações, cujo tombo preocupa o setor, o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, estimou que as montadoras deixaram de embarcar 95 mil veículos neste ano em razão da queda, de 49% para 27%, da penetração dos carros brasileiros na Argentina nos últimos quatro anos.
Desde o início do ano, as exportações caíram quase 16%, tendo impacto na produção, que recuou 1,1% de janeiro a novembro. “Poderia ter sido melhor”, comentou Leite. Ele avaliou que a reforma tributária deve resolver em parte os problemas de competitividade da indústria. O presidente da Anfavea enfatizou, no entanto, a necessidade de o Brasil trabalhar na harmonização de normas para derrubar obstáculos em mercados do continente.
No mercado doméstico, o ritmo de vendas tem ganhado tração, porém com maior entrada de veículos importados, o que também limita o efeito na produção. Conforme a Anfavea, a entrada de importados, um dado olhado pela associação com lupa, chegou a 16,8% do total vendido em novembro, contra 14,7% no mesmo mês de 2022.
No embalo dos carros eletrificados (híbridos ou puramente elétricos), a China se tornou a segunda origem dos carros importados no Brasil, atrás apenas da Argentina, representando 10% do total trazido do exterior desde o início deste ano. As importações de veículos chineses, que correspondiam a 3% em 2022, mais do que quadruplicaram neste ano (alta de 347%), chegando a 32,2 mil unidades.
Leite disse que o avanço das importações é natural em meio à transição de tecnologia dos automóveis, porém não pode ter um descompasso tão grande com a produção local.
Produção recua 6,1%
Em desempenho prejudicado pelo tombo das exportações, a produção da indústria de veículos teve no mês passado queda de 6,1% frente a novembro de 2022, segundo a Anfavea. No total, 202,7 mil unidades foram montadas, entre carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus. Na comparação com outubro, novembro mostrou crescimento de 1,5%.
A produção de veículos passa a mostrar queda de 1,1% no acumulado desde o início do ano, somando 2,15 milhões de unidades até novembro.
As vendas de veículos subiram 4,2% no mês passado no comparativo interanual, num total de 212,6 mil unidades. Na margem — ou seja, de outubro para novembro —, houve queda de 2,4% nos licenciamentos, porém a variação negativa é explicada pelo calendário comercial mais curto em razão de dois feriados nacionais: Finados, no dia 2, e Proclamação da República, 15 de novembro. O ritmo diário de novembro, assim como no mês anterior, continuou acima de 10 mil veículos.
As exportações seguiram em queda no mês passado, recuando 44,6% frente ao número de um ano antes e 23% em relação a outubro. No total, 24,1 mil veículos foram embarcados em novembro.
No acumulado desde o início do ano, as vendas no mercado doméstico agora mostram crescimento de 9,1%, somando 2,06 milhões de veículos em 11 meses, enquanto as exportações, na direção oposta, recuam 15,9%, com 378,2 mil unidades embarcadas no mesmo período. México, Argentina, Chile e Colômbia são os principais destinos dos carros exportados pelo Brasil.
O levantamento da Anfavea mostra ainda que as montadoras abriram 530 vagas de trabalho em novembro, empregando no fim do mês 101,2 mil pessoas. (O Estado de S. Paulo Online/Eduardo Laguna)