Quase metade das pessoas ainda não conhece a modalidade de assinatura

O Estado de S. Paulo/Mobilidade

 

Uma enquete feita no perfil do Estadão no Instagram revelou que 49% do público que participou da consulta ainda não conhece a assinatura de automóveis. Embora a assinatura de canais de TV, serviços de streaming, jornais e revistas faça parte da rotina das pessoas há muito tempo, o item automóvel ainda não é visto como algo comum nessa opção, apesar de os números mostrarem que a adoção da modalidade está em crescimento.

 

À pergunta “Você sabe o que é um serviço de carro por assinatura”, 51% das pessoas responderam “sim” e 49% disseram que “não”. Além dessa pergunta, a sondagem quis saber também se haveria interesse do público na adoção da modalidade, que começou a ser colocada em prática, no Brasil, de forma embrionária, em 2019.

 

À pergunta “Você tem interesse nessa modalidade”, apenas 33% responderam “sim, tenho!”, enquanto 67% responderam “não”. Essa questão vinha acompanhada da informação de que o serviço de carro por assinatura custa a partir de R$ 1.649 e pode chegar a R$ 22.140 por mês.

 

A terceira sondagem era sobre a preferência entre financiamento tradicional e mensalidade de assinatura. Partindo da premissa de que o cliente já tenha conhecimento sobre a modalidade de carro por assinatura, o participante da enquete deveria escolher entre fazer um financiamento do veículo ou contratar um serviço de carro por assinatura.

 

Mais uma vez, a escolha pela forma de propriedade tradicional venceu, com ampla margem, a modalidade que privilegia o uso, em vez da posse. Enquanto 58% das pessoas deram preferência ao financiamento, 42% adotariam a assinatura.

 

As enquetes, realizadas em agosto de 2023, demonstram que as empresas que passaram a adotar a modalidade têm uma grande oportunidade de crescimento, visto que o serviço é novo e ainda pouco conhecido da maior parte do público. Mas, ao mesmo tempo, elas revelam que será necessário convencer o cliente das possíveis vantagens do uso sobre a propriedade.

 

Tudo incluso

 

Na modalidade de assinatura, a mensalidade engloba todos os custos associados ao carro, como seguro, emplacamento, IPVA e manutenções preventivas. Além disso, na maioria dos casos, o interessado não precisa dispor de uma quantia para dar como entrada, como é comum nos financiamentos.

 

Especialistas afirmam que, financeiramente, se trata de uma opção vantajosa, já que, nesse caso, o cliente não perde com a desvalorização do bem ao longo do tempo. Além disso, não precisa se descapitalizar. A depender da atividade do interessado, o que seria dado como entrada pode permanecer como capital de giro de um negócio próprio ou mesmo ficar aplicado em um investimento. Conforme a escolha, o rendimento talvez cubra a mensalidade.

 

Por outro lado, no fim do contrato – que costuma variar de 12 a 48 meses –, o veículo deve ser devolvido e o cliente precisa efetuar um novo plano, com um novo carro, ao contrário do que ocorreria na compra tradicional, em que o veículo – embora desvalorizado – seria incorporado ao patrimônio do dono. Também é preciso prestar atenção na franquia de quilometragem mensal. Há várias opções de plano, que sobem de acordo com o aumento da quilometragem percorrida. Caso o interessado escolha um com baixa quilometragem e exceda o limite, terá de arcar com o excedente.

 

No início, o serviço de assinatura – que nada mais é do que uma locação de longo prazo – era oferecido apenas pelas locadoras de automóveis, que, com isso, passaram a explorar uma nova possibilidade de negócios. A seguradora Porto (antiga Porto Seguro) também foi uma das pioneiras.

 

De acordo com Marco Aurélio Nazaré, presidente da Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (Abla), pelo menos, 20% das mais de 13 mil associadas da entidade oferecem o serviço a todas as regiões do País.

 

Contratos mais longos

 

Aos poucos, as montadoras aderiram ao programa. Pioneira na modalidade de aluguel de curta duração, a Toyota se considera uma empresa de mobilidade, e não apenas uma fabricante de automóveis. Há três anos, ela lançou, no Brasil, seu programa de mobilidade, batizado de Kinto, presente em mais de 40 países, que oferece toda a sua linha, além de modelos de sua divisão de luxo Lexus.

 

A plataforma atende a frotas corporativas (Kinto One Fleet), compartilhamento (Kinto Share) e assinatura (Kinto One Personal). A empresa informa que, recentemente, detectou que o tempo médio de contrato por assinatura passou de um para dois ou três anos, o que, segundo a empresa, revela maior confiança do consumidor na modalidade.

 

Além da Toyota, marcas como Stellantis, Mitsubishi, Volkswagen, Ford, Renault e Audi também adotaram o serviço ainda durante a pandemia de covid-19. A Stellantis começou com sua plataforma Flua!, oferecendo modelos das marcas Fiat e Jeep, e, recentemente, passou a disponibilizar também veículos da Peugeot.

 

A Volkswagen inovou ao ofertar sua linha de veículos elétricos (ID. 4 e ID. Buzz) apenas na modalidade de assinatura. Os dois modelos não podem ser comprados. Já Mitsubishi e Audi estão entre as marcas que passaram a oferecer também a opção de blindagem a seus modelos de assinatura.

 

Além das montadoras que adotaram a assinatura logo no início da modalidade no País, recentemente, a Nissan e a JLR (holding britânica que reúne as marcas Jaguar, Land Rover e Range Rover) também passaram a oferecer seus produtos na opção de assinatura. E a expectativa de especialistas é a de que quem ainda não entrou deve adotar o sistema. (O Estado de S. Paulo/Mobilidade/Hairton Ponciano Voz)