Frota & Cia
O segmento de implementos rodoviários seguiu uma queda próxima do mercado de caminhões esse ano, mas ainda assim teve um comportamento melhor puxado pela linha pesada. No acumulado de janeiro a outubro de 2023, a indústria de implementos emplacou 125.087 unidades, enquanto o mercado de caminhões somou 85.021 veículos. Ao comparar com o desempenho no ano passado, a queda nas vendas de caminhões foi de 17,11% enquanto os implementos caíram apenas 2,99%.
Mesmo com a redução no acumulado, o mês de outubro registrou 13.911 produtos emplacados entre leves e pesados, o segundo melhor resultado do ano, de acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários (ANFIR). Os licenciamentos de caminhões também acusaram melhora no mês, com 9.157 unidades emplacadas, evolução de 8,43% frente ao resultado de setembro.
Para José Carlos Spricigo, presidente da ANFIR, embora as vendas no ano tenham acusado declínio, o comportamento do segmento ainda é positivo. Ele ressalta que a queda é bem menor se comparado ao setor de caminhões, pois são segmentos que geralmente se complementam nesse quesito. “Ano contra ano estamos caindo 3% internamente e crescendo 3% no mercado externo. Então está acontecendo um equilíbrio muito grande”.
Segundo Spricigo, um dos motivos que colabora para essa performance é o bom desempenho da linha pesada, de reboques e semirreboques, que cresceu 8,42%. Enquanto isso, o segmento de carrocerias sobre chassis praticamente acompanhou o mercado de caminhões com uma queda de 16,13%. “O maior motivo para esse movimento foi a renovação de frota de implementos, com a chegada do quarto eixo”
“O quarto eixo é um modelo novo de implemento que chegou em maio de 2022 e teve uma aceitação muito boa no mercado porque oferece uma capacidade de carga maior. E, este ano, teve uma consolidação muito grande, o que explica esse crescimento”.
Mas este não é o único fator que explica o bom desempenho do setor pesado. O presidente da ANFIR lembra que o crescimento do mercado de aluguel de caminhões no Brasil tem influenciado bastante o segmento. “Isso fez com que houvesse uma demanda maior por implementos. Quem aluga quer ter o produto à disposição para oferecer ao cliente, então esse foi outro fato que beneficiou o setor de pesados”.
Osmar Oliveira, CEO da 4Truck, reforça a questão da locação de caminhões, que tem impulsionado as vendas da empresa no atacado. Já no varejo, ele destaca os segmentos de e-commerce, alimentos, facilities e eletrificação.
Setores econômicos
Na visão da ANFIR, os setores econômicos que mais apresentaram participação no mercado de implementos rodoviários foram a indústria e o agronegócio. Na indústria, Spricigo deu destaque para o modelo carrega tudo, que cresceu 17,38%, mas reconhece que o agronegócio é, ainda, um dos principais “motores” do setor.
Na Rodofort Guerra, o desempenho que mais impulsionou os negócios foi também o agronegócio. Segundo o CEO da empresa, Ivo Ilário Riedi Filho, o segmento elevou em 40% as vendas da companhia.
Na evolução por produto, o presidente da ANFIR explica que o graneleiro teve um crescimento fantástico, puxado, em boa parte, pelo quarto eixo. “A novidade conseguiu retomar uma fatia desse mercado, perdida para o basculante e agora vem crescendo de forma bem consistente”. O modelo vendeu 42,45% a mais no acumulado do ano em comparação com o ano passado.
Além desse, a entidade destacou o bom desempenho da linha de tanques, que mostrou um crescimento expressivo. Enquanto o Tanque Inox vendeu 165,89% a mais no período, o Tanque Alumínio cresceu 100% e o Tanque Carbono emplacou 42,21% a mais.
Expectativas para o próximo ano
Uma das maiores dificuldades para o setor este ano, segundo a ANFIR, foi a queda nas vendas de caminhões, que, de certo modo, era um movimento esperado levando em consideração o aumento de preços dos modelos Euro 6 e o efeito da compra antecipada no ano passado. A linha leve foi a mais impactada no setor de implementos. Além disso, Spricigo também comentou que a alta dos juros foi um fator que também impactou no setor.
O CEO da Rodofort Guerra reforça a questão dos juros como uma das grandes dificuldades para a empresa. Com os juros altos, o acesso ao crédito é mais restrito por parte dos clientes, o que inibe o número de vendas que poderiam ter sido realizadas no decorrer do ano. Ainda assim, a empresa espera crescer, aproximadamente, dois dígitos este ano.
No caso da 4Truck, Osmar projeta um crescimento de 15% em vendas e 5% em produção, virando o ano com volume em carteira, mesmo em meio às dificuldades do setor, de modo geral.
Mesmo assim, a ANFIR espera que ano encerre com um total de 150 mil implementos emplacados. Na comparação com anos anteriores, Spricigo lembra que mesmo quando os caminhões tiveram uma queda mais forte, no ano seguinte houve uma recuperação. “Acreditamos que 2024 deve acompanhar o crescimento das vendas de caminhões para renovação da frota, fato que projeta um cenário positivo”.
Além disso, o dirigente destaca a realização da Fenatran em 2024 como fator de peso, uma vez que o evento impulsiona a apresentação de novidades e negociações em diversos segmentos e não deve ser diferente para os implementos rodoviários. (Frota & Cia/Priscila Ferreira)